Bagé recebe exposição de gravuras da artista Zoravia Bettiol

  • Cultura
  • 28/06/2019 - 18:54
  • 1324 Views

A Xilogravura de Zoravia Bettiol: Restauração, Impressão e Visibilidade traz 40 gravuras de matrizes restauradas, criadas entre 1965 e 1998. A mostra tem abertura no Espaço Cultural do Museu Dom Diogo de Souza no dia 3 de julho. A entrada é franca.

Abre no dia 3 de julho (quarta-feira), às 19h, no Espaço Cultural do Museu Dom Diogo de Souza, a exposição A Xilogravura de Zoravia Bettiol: Restauração, Impressão e Visibilidade, que traz 40 obras em complementação de tiragem e reimpressões. As gravuras - inspiradas na literatura, na mitologia e na história - compõem um amplo painel do universo cultural, social, político, afetivo e intelectual vivenciado pela artista visual, que completa 84 anos em 2019.

A gravura é uma das mais significativas expressões da obra de Zoravia Bettiol, artista multimídia que se expressa também por meio da pintura, do desenho, da arte têxtil, do design, de instalações e de performances. As obras em exposição fazem parte de nove das treze séries temáticas criadas por Zoravia ao longo de sua profícua carreira: Primavera (1964), Namorados (1965), Gênesis (1966), Circo (1967), Romeu e Julieta (1970), Iemanjá (1973), Deuses Olímpicos (1976), Kafka (1977), Os Sete Pecados Capitais (1987). Para o jornalista, crítico, curador e professor Eduardo Veras, a apresentação dessas estampas quase perdidas funciona também como uma síntese retrospectiva da produção xilográfica de Zoravia Bettiol: "As 40 gravuras que agora vêm a público trazem consigo, portanto, as marcas de pelo menos duas épocas distintas, combinadas sobre a mesma superfície de papel: a de sua concepção original e a de sua reconfiguração como obra". Leia o texto completo aqui: http://bit.ly/XilogravuraZB-Presskit

A exposição - que foi exibida em Porto Alegre no mês de junho - é a etapa final de um projeto financiado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio do Pró-cultura RS / FAC - Fundo de Apoio à Cultura. Com duração de nove meses, o projeto traz uma iniciativa inédita de recuperação do valioso patrimônio xilográfico de Zoravia Bettiol, com a restauração de uma parte considerável das suas matrizes gráficas - são 160 peças restauradas, que possibilitaram a impressão e a exposição das gravuras. A equipe de restauração, sob a coordenação da artista, dedicou-se a limpar as placas, vedar falhas na madeira, unir pedaços e colar novas lâminas de madeira em trechos perdidos pela exposição à umidade, ao calor e às pragas. Esses trechos desaparecidos foram novamente gravados pela artista, num minucioso resgate do desenho original. Também os trabalhos de impressão exigiram rigorosa recuperação da memória das cores utilizadas nas primeiras tiragens e foram produzidas pela artista visando a máxima fidelidade à paleta original. A critério da artista, na reimpressao de uma pequena parcela das gravuras foram feitas algumas modificações cromáticas. Para mostrar ao público todo esse trabalho, a exposição apresenta também algumas dessas matrizes restauradas e painéis contendo imagens e textos que registram o processo de restauro e impressão.

Como forma de contribuir para a ampliação de acervos e a difusão da obra da artista, o projeto também prevê a doação de 48 gravuras para treze instituições de arte brasileiras, como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul - MARGS, o Museu da Gravura Brasileira (Bagé/RS), o Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM, o Museu de Arte Contemporânea José Pancetti - MACC (Campinas/SP), o Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP/SP) e o Museu Casa da Xilogravura (Campos do Jordão/SP), entre outros, em cidades de diversos estados do país.

Sobre a artista (texto com colaboração de Eduardo Veras)

Zoravia Augusta Bettiol nasceu em Porto Alegre, em dezembro de 1935, em uma família de ascendência italiana e sueca. Estudou no antigo Instituto de Belas Artes, formando-se em pintura em 1955.

As primeiras xilogravuras da artista remontam a 1956, quando ela começou a frequentar o ateliê de Vasco Prado (com quem dividiria parte considerável da vida artística e afetiva). Zoravia começou a produzir em um inspirado momento da história da xilogravura brasileira que fez surgir grandes mestres gravadores no Brasil e no Rio Grande do Sul - onde foram criados o Clube de Gravura de Porto Alegre e o Grupo de Bagé, nos anos 1950.

Em 1959, produziu sua primeira série nessa técnica, A Salamanca do Jarau, inspirada no conto homônimo de Simões Lopes Neto. Ao longo das décadas seguintes, consolidou uma admirável trajetória como gravadora, com dezenas de exposições no Brasil e no exterior. Ainda cedo conquistou prêmios importantes, expôs na VI Bienal de São Paulo, em 1961, e obteve largo reconhecimento nacional e internacional, com participações, por exemplo, em bienais e exposições coletivas em Cracóvia, na Polônia (1974), ou em Liubliana, na antiga Iugoslávia (1987).

Foram nove séries diferentes com matrizes de madeira, entre 1965 e 1987, exercitando a verve de ilustradora e contadora de histórias - do lirismo nostálgico do trabalho circense ao peso sombrio do universo kafkiano. Adiante, Zoravia migrou para a serigrafia e passeou por meios sempre diversos, pulando de um ao outro ou justapondo-os. A xilogravura mantém-se como uma das referências maiores de seu percurso inventivo: momento de experimentação e excelência em criação visual.

Serviço

Exposição A Xilogravura de Zoravia Bettiol: Restauração, Impressão e Visibilidade

Curadoria: Zoravia Bettiol

Local: Espaço Cultural do Museu Dom Diogo de Souza

Rua Emílio Guilayn, 2017-2061 - São Jorge, Bagé - RS

Abertura: dia 03 de julho de 2019, às 18h

Visitação: de 4 a 30 de julho de 2019

Horário: de segunda a sexta, das 8h30 às 11h30 e das 14h às 18h

Entrada Franca



Ficha técnica do projeto

Projeto: Zoravia Bettiol e Lídia Fabrício

Curadoria e Coordenação Artística: Zoravia Bettiol

Restauração de Matrizes: Zoravia Bettiol, Sara Winckelmann e Michelle Dona

Impressão de Gravuras: Zoravia Bettiol, Sara Winckelmann, Michelle Dona e Priscila Martinelli

Direção Executiva: Lídia Fabrício

Consultoria Produção Cultural: Adroaldo Xavier

Design Gráfico: Clô Barcellos

Textos: Eduardo Veras

Fotografia: Gilberto Perin

Assistente de Produção: Cristian Comunello

Expografia: Lídia Fabrício

Montagem de exposições: Lídia Fabrício e Rosane Morais

Contabilidade: KLB Assessoria Empresarial Ltda.

Apoio: Instituto Zoravia Bettiol, Museu Dom Diogo de Souza - FAT/URCAMP e Prefeitura Municipal de Porto Alegre

Realização: Cult Assessoria e Projetos Culturais

Financiamento: Fundo de Apoio à Cultura / Secretaria de Estado da Cultura RS

Divulgação: Adriana Martorano
Fotos: Gilberto Perin e Nilton Santolin