Arte para ver com os dedos

  • Cultura
  • 07/03/2018 - 10:44
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Exposição O Relevo, de Lenora Rosenfield, traduz obras de edições anteriores da Bienal do Mercosul e proporciona experiência sensorial tecnológica.

A partir do dia 15 de março, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo recebe a exposição O Relevo, mostra que trará traduções em relevo de obras que já estiveram presentes ao longo de dez edições da Bienal do Mercosul, pelas mãos da artista plástica Lenora Rosenfield.

As obras foram desenvolvidas com a técnica inédita de afresco sintético, criada pela artista, e interpretadas nas mesmas dimensões e cores das originais, para que possam ser compreendidas e experimentadas por deficientes visuais por meio do toque. Os visitantes com visão também poderão aproveitar as sensações de O Relevo, pois vão adentrar em um ambiente com baixa luminosidade, o que nivelará a percepção de todos os presentes.

A experiência tecnológica acontece por meio de uma luva, criada em uma parceria da artista com a empresa ThoughtWorks Creative Technology Consultants. A peça foi desenvolvida com as plataformas LilyPad e Arduino, próprias para aplicação de placas e chips em tecidos e vestimentas. A prototipação wearable serve ao conceito de Tecnologia Assistiva, que promove o auxílio na melhoria da qualidade de vida de pessoas com algum tipo de limitação, no caso, a visual. Com o aparato, os visitantes poderão enxergar os trabalhos de Lenora com a ponta dos dedos.

Para a artista, a oportunidade de democratizar a arte e aproximá-la daqueles que ainda não podem ter o acesso desejado, é uma tarefa especial. "Desde 2015, quando tive a oportunidade de receber um grupo de deficientes visuais em uma individual no Museu de Arte de Blumenau (MAB), venho encorajando o público a tocar meus trabalhos, sejam videntes ou deficientes visuais. Desta vez, a experiência sensorial vai acontecer para todos, só que às avessas: quem enxerga é que vai sair da zona de conforto! Meu trabalho vem com essa vontade, de minimizar as fronteiras, de unir as diferenças para o crescimento pessoal do público", define.

Entre as 12 obras em destaque, dez traduções e duas autorais, estão "A Negra" de Tarsila do Amaral (Brasil), "Composición V", de Maria Freire (Uruguai), "B.iB portrait #8", de Kimani Beckford (Jamaica), "Composição", de Fernand Léger (França) e "Bomba", de Renzo Assano e Laila Terra (Brasil). Já as peças autorais de Lenora retratam os continentes e representam o elo que conecta todas as obras da mostra, criadas por artistas de diversas regiões do mundo. O conjunto poderá ser apreciado no catálogo que acompanha a exposição.

O Relevo tem entrada franca e segue até o dia 02 de junho. A iniciativa é uma realização da Fundação Bienal Mercosul, financiada pelo Ministério da Cultura e Secretaria da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul, com produção da Genuinaobra Go Art Planning e apoio da ThoughtWorks Creative Technology Consultants.

Livro celebra 50 anos de dedicação às artes

Neste trimestre Lenora coroa sua trajetória nas artes visuais com o lançamento de um livro que revela momentos pessoais e profissionais nas quase cinco décadas de atuação na área. A publicação traz fatos, influências e inspirações importantes que refletem em sua produção plástica. Apresentado pelo jornalista e crítico de arte Francisco Dalcol - também curador da retrospectiva da artista que ocorreu em 2017, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) - o livro foi concebido como extensão da exposição, de modo a ampliar a compreensão sobre a produção e a trajetória de Lenora.

ITINERÁRIOS é baseado em entrevistas, pesquisa e documentação. A narrativa procura dar conta da produção artística, mas também dos outros segmentos da atuação de Lenora: o trabalho como restauradora e a atuação docente. Trata-se de uma carreira perpassada por diversos acontecimentos desafiantes e fatos definidores, lugares e épocas que ofereceram experiências marcantes em sua personalidade profissional, como são os casos das temporadas vividas em Nova York, Florença, Cambridge e Údine, além, é claro, de Porto Alegre. Os textos são acompanhados por fotografias, reproduções e imagens documentais que reforçam o caráter biográfico da publicação.

Sobre a artista:

Gaúcha de Porto Alegre, Lenora Rosenfield tem na pintura em afresco sintético (técnica criada por ela na Itália) o ponto central de sua produção atual. Pós-doutora pela Università degli Studi di Udine (IT), foi professora de pintura do Instituto de Artes da UFRGS (1993 a 2017) e por mais de duas décadas esteve à frente do laboratório de restauração da instituição. É referência em restaurações de obras de arte como as de Pedro Weingärtner, Aldo Locatelli, Glauco Rodrigues, Francisco de Goya, Pablo Picasso e Marc Chagall. A artista está afastada da restauração há alguns anos e em 2017 aposentou-se da vida acadêmica, dedicando-se mais intensamente a sua poética. Seus trabalhos estão no acervo das principais instituições do Estado do RS e em coleções particulares no Brasil, Estados Unidos e Europa.


Lançamento da exposição O Relevo

Local: Centro Cultural CEEE Erico Verissimo - Sala O Arquipélago – 1º andar
Rua dos Andradas, nº 1223 – Centro Histórico – Porto Alegre/RS
Data: 15 de março, quinta-feira
Horário: 19h
Classificação: Livre
Visitação: de 16/03 a 02/06, de terça a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 11h às 18h.

Divulgação: Andressa Riquelme
Fotos: Egídio Pandolfo