Carlos Trevi tem primeira exposição individual na Ocre Galeria, em Porto Alegre (RS)

  • Cultura
  • 18/07/2025 - 15:45
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A mostra Ascensão, de 19 de julho (sábado) a 16 de agosto (sábado), apresenta mais de 30 obras do artista e gestor cultural, que propõe nova leitura para fragmentos do cotidiano em suas esculturas;


Os trabalhos produzidos por Carlos Trevi revelam a transformação de objetos outrora descartados, que agora se convertem em novas estruturas poéticas;


Com curadoria de André Severo e texto crítico de André Venzon, a exposição revela uma travessia simbólica entre matéria e memória.


A Ocre Galeria recebe, a partir de 19 de julho (sábado), a exposição Ascensão, primeira grande mostra individual de Carlos Trevi na capital gaúcha. Com curadoria de André Severo e texto crítico de André Venzon, a exposição apresenta um conjunto com mais de 30 esculturas verticais, das mais variadas formas e tamanhos, que ressignificam fragmentos esquecidos, como: taças, cristais, pés de móveis, bibelôs e ornamentos, passando a formarem estruturas que evocam memória, beleza e transcendência. No dia 22 de julho (terça-feira), Trevi, Severo e Venzon participam de uma conversa aberta ao público, realizada também na Ocre Galeria, às 18h.

As obras são compostas por elementos que tiveram outras funções e que, reorganizados em colunas e totens, ganham novos significados. Ao reunir pedaços de madeira, ferro, fios, tecidos e outros materiais, o artista constrói estruturas que evocam uma arqueologia afetiva, onde cada fragmento guarda o silêncio do que já foi e a potência do que pode vir a ser.

“Sempre me interessei pelo que os objetos ainda têm a dizer, mesmo quando parecem esquecidos. Gosto de pensar que cada peça carrega uma memória silenciosa, e meu papel como artista é oferecer a ela uma nova chance de expressão”, explica Carlos Trevi.

Resultado de uma pesquisa desenvolvida ao longo dos últimos anos, a mostra Ascensão investiga os sentidos simbólicos da matéria e sua capacidade de transformação com o passar do tempo. Nas esculturas, Trevi não apenas reformula os objetos: ele ativa suas memórias, criando uma linguagem que transita entre o sensível e o espiritual.

“São frágeis embarcações cujos mastros foram confeccionados a partir de pedaços de outros pedaços. O todo e as partes se movimentam, deslocam-se em espiral ascendente e se transformam sem sair do lugar”, observa o curador André Severo, que acompanha a trajetória do artista e propõe uma leitura da mostra como metáfora da metamorfose.

Com forte dimensão poética, as obras sugerem um deslocamento entre o visível e o invisível, o passado e o porvir. O público é convidado a perceber não apenas a forma final, mas também o processo simbólico de transformação presente em cada detalhe.

Para André Venzon, que acompanha de perto a produção de Trevi, as obras do artista "nascem do entendimento profundo do que os objetos representam: fragmentos de histórias, memórias e possibilidades". Ao reunir peças quebradas ou esquecidas em colunas verticais, o artista constrói, segundo Venzon, "monumentos contemporâneos" que desafiam o tempo e nos convidam à contemplação.

Entre o universo particular do artista e o espaço da galeria, as esculturas estabelecem um campo sensível, onde os fragmentos são reorganizados como pistas simbólicas da continuidade, da impermanência e da reconstrução. Ascensão propõe, assim, uma experiência que articula arte, memória e matéria, iluminando o invisível e revelando, poeticamente, que toda criação é também um renascimento.

Sobre Carlos Trevi

Natural de São Paulo, graduado em Administração atua como gestor e curador à frente de importantes instituições culturais, além da dedicação permanente às atividades práticas no âmbito das artes visuais. Desde 2015 mantém residência e ateliê em Porto Alegre, onde desenvolve seus trabalhos na forma de objetos e assemblages. Sua poética visual apresenta reflexões sobre as relações estabelecidas entre memória, identidade e patrimônio, tendo como ponto de partida as experiências vivenciadas com pessoas e lugares. Em 2014 realiza sua primeira exposição individual “Carlos Trevi – Territórios da memória”, na galeria Sobrado Escritório de Arte em Olinda (PE), com curadoria de Raul Córdula. Tem obras no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, no Museu do Estado de Pernambuco e em coleções particulares.

Sobre André Severo

Nascido em Porto Alegre (1974), é artista, curador e gestor cultural. Mestre em Poéticas Visuais (UFRGS), fundou o projeto Areal em 2000, com foco em arte contemporânea fora dos grandes centros urbanos. Criou projetos como Lomba Alta, uma residência artística, e Dois Vazios, que une cinema e artes plásticas. Realizou mais de dez filmes e instalações audiovisuais e publicou livros como Consciência errante e Soma. Foi curador da 30ª Bienal de São Paulo e da representação brasileira na 55ª Bienal de Veneza. Recebeu prêmios como o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2014) e o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas.



Sobre André Venzon

Vive e trabalha na sua casa-ateliê-galeria, no 4° Distrito da cidade. É artista visual, curador e gestor cultural. Mestre em Poéticas Visuais no PPGAV/IA-UFRGS, especialista em Gestão e Políticas Culturais pela Universidade de Girona/Espanha e graduado em Artes Visuais pelo IA-UFRGS. Dedica-se à pesquisa dos tapumes na paisagem urbana, de elemento arquitetônico a significante de operações poéticas. Igualmente tem mostrado os resultados de seus estudos e criações, em exposições, congressos, feiras, seminários, palestras e curadorias, perfazendo uma intensa atividade acadêmica em articulação com uma atuação efetiva no sistema da arte. Destaque para a curadoria da exposição "Nem Eu, Nem Tu: Nós - A Obra de Karin Lambrecht e o olhar do colecionador", dentro do projeto RS Contemporâneo - Pensamentos Curatoriais, no Santander Cultural (2017).

Diante de sua forma de perceber a arte como atributo social foi presidente da Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, Conselheiro Estadual de Cultura, membro do Colegiado Nacional de Artes Visuais e diretor do MACRS por duas gestões. É coordenador da Galeria de Arte da Fundação ECARTA, desde 2018, e atual diretor artístico do Instituto Cultural Laje de Pedra, Canela/RS.

Sobre Ocre Galeria

A Ocre Galeria é um espaço dedicado à arte contemporânea, comprometido com a valorização e a difusão da produção artística brasileira. Fundada em maio de 2022, a galeria promove artistas de trajetória consolidada e emergentes, criando diálogos entre diferentes gerações e linguagens artísticas.

Serviço
Exposição Ascensão | Carlos Trevi
Endereço: Ocre Galeria – Av. Polônia, 495 – Porto Alegre/RS
Abertura: 19 de julho de 2025 (sábado), das 11h às 14h
Visitação: de 21 de julho a 16 de agosto de 2025
Segunda a sexta, das 10h às 18h | Sábados, das 10h às 13h30
Entrada Gratuita

** Conversa com o artista Carlos Trevi, André Severo e André Venzon, dia 22 de julho (terça-feira), às 18h, na Ocre Galeria, aberta ao público.

Informações à imprensa

MARRA COMUNICAÇÃO
Fotos Andrew Melo