Diálogos entre Armarinhos Teixeira e Nara Guichon
No horizonte incerto de um mundo em transição, O que virá depois? é mais do que uma pergunta: é um chamado à reflexão de como sobreviver em um mundo pós-transformação ambiental.
A exposição se ancora na premência de um mundo em transição, onde o modelo produtivo vigente se revela insustentável, e a era pós-crescimento desponta como horizonte possível. Nesse contexto, a arte deixa de ser apenas reflexo: torna-se ferramenta, linguagem, semente. Ocupa o lugar de potência sensível, capaz de mostrar outras realidades, regenerar vínculos e apontar para futuros que consideram os limites planetários. As obras de Armarinhos Teixeira e Nara Guichon são manifestações desse gesto regenerativo.
Armarinhos Teixeira, através de respostas plásticas, utiliza técnicas que não só buscam minimizar os impactos ambientais, mas também contribuem ativamente para a regeneração do meio ambiente e dos recursos naturais. Suas esculturas, que emergem de materiais industriais, transcendem suas funções originais para adentrar o universo da arte, deixando de ser simples resíduos para se tornarem objetos de reflexão e transformação, em consonância com os princípios regenerativos.
Já Nara Guichon transforma redes de pesca descartadas, responsável por cerca de 50% da poluição mundial dos oceanos, em matéria-prima. Ao recolher redes de pesca abandonadas, ela inicia um rito de purificação: lava, tinge com pigmentos naturais, costura, tricota, enrola. Em cada gesto, um reencontro com a natureza, um retorno à sabedoria da matéria. Suas estruturas têxteis são verdadeiros ninhos, onde memória e ecologia entrelaçam-se.
Juntas, as obras de Armarinhos e Nara propõem um novo pacto com o mundo. Um convite à escuta da matéria, ao pensar com os sentidos, à imaginação como ato de cura. O que virá depois? talvez ainda não saibamos. Mas aqui, neste espaço suspenso entre catástrofe e reinício, vislumbramos futuros que não acumulam — regeneram.
Serviço
O que virá depois?
Casa de Cultura Mário Quinta | Galeria Maria Lídia Magliani e Jardim Lutzenberger (5º andar)
De 18 de junho a 19 de outubro
De terças a domingo | 10h às 20h | Entrada Gratuita
@ccmarioquintana
@galeriaclima
@armarinhosteixeira
@nara_guichon
@maria_santin
Armarinhos Teixeira
Armarinhos Teixeira (São Paulo, SP, 1975) é referência no campo da bioarte. Em sua poética, se
debruça sobre a biologia evolutiva, estudando como os seres vivos se adaptaram às mudanças
ambientais, como se diversificaram em diferentes espécies e como desenvolveram
características únicas. O resultado é uma combinação de arte, biologia, ecologia e tecnologia que
nos provoca e sugere que a humanidade está entrando em uma nova era em que a relação entre
o ser humano e o meio ambiente está sendo redefinida.
Nara Guichon
Nara Guichon (Santa Maria, RS, 1955) é artista têxtil, designer e ambientalista. Sua prática
artística valoriza saberes tradicionais como tricô, crochê e bordado, e é pautada por princípios
de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. Utiliza materiais como redes de pesca
descartadas, transformando-os em esculturas que evocam a natureza e alertam para questões
ambientais. Premiada no Prêmio PIPA 2024, Nara também é reconhecida por seu trabalho nas
áreas de design e moda sustentáveis, com prêmios nacionais e internacionais.
Maria Fernanda de Lima Santin
Graduada em Economia pela PUCRS, com mestrado em Economia do Desenvolvimento pela
PUCRS, MBA em Finanças pela FGV e MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Ao longo dos
anos realizou diversos cursos voltados para a história e o mercado da arte, com foco na arte
contemporânea. Desde 2020, está na direção da Galeria Clima de Porto Alegre.
A Galeria Clima é especializada em arte contemporânea de vanguarda e atua há mais de 20 anos
no mercado nacional. Uma característica relevante da Galeria Clima é ter um braço institucional
forte, no sentido de se envolver em projetos que possam contribuir para o desenvolvimento da
cena cultural das localidades em que está presente, promovendo artistas e contribuindo para
ampliar a circulação de pessoas e o acesso à cultura.
div: Maria Fernanda de Lima Santin
cred: Divulação
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