O documentário Porto de Elis, com produção executiva e direção de Flavia Gazola, roteiro de Renato Del Campão e desenho de som de Ricardo Severo, retrata um capítulo marcante da cena cultural de Porto Alegre. Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio de edital da Prefeitura de Caxias do Sul, a produção resgata a história de um espaço que marcou uma época de efervescência artística e social.
Situado nos altos da Avenida Protásio Alves, no bairro Petrópolis, o Porto de Elis funcionou como um teatro bar entre 1984 e 1994, período que coincide com o fim do regime militar e o movimento das Diretas Já. O espaço foi palco de uma cena vibrante, onde criatividade, cultura, descontração, cooperação e inclusão eram características predominantes. O documentário revela o ambiente e as pessoas que frequentavam o local, incluindo referências à Rádio Ipanema, à Avenida Osvaldo Aranha e ao Bar Ocidente, que compunham um cenário único de diversidade.
Ao longo de sua trajetória, o Porto de Elis recebeu muitas bandas do Rock Gaúcho, quando muitas estavam começando sua trajetória naquele palco. O espaço atraía um público de todas as classes sociais, etnias, gêneros e matizes sexuais, numa atmosfera livre de preconceitos. Greice Gianukas, atriz que apresentou a peça Não quero droga nenhuma por lá, destaca: “Não havia preconceitos”. A peça foi um grande sucesso, levando o grupo a se apresentar nas principais cidades do país. Adriana Calcanhoto também iniciou sua trajetória artística no Porto de Elis, afirmando: “Eu fui me inventando com a invenção do Porto de Elis”.
O espaço foi responsável por revelar e promover nomes importantes, como Fernanda Abreu, Cássia Eller, Banda Luni com Marisa Orth, Zélia Duncan, Dulce Quental, além de estrear produções inovadoras como Carrie, a Histérica, o primeiro besteirol do teatro gaúcho, e o grupo de dança Baletto, que revolucionou a cena de dança no Rio Grande do Sul. Ainda na época, Fernanda Chemale realizou sua primeira exposição fotográfica com imagens de rock e do projeto Segunda Sem Lei, uma iniciativa dos músicos Egisto Dal Santo e Claudio Calcanhoto que promovia acesso às diversas bandas de rock e tendências culturais.
O documentário também destaca a importância do VHS na democratização da produção audiovisual, além de mostrar como o Porto de Elis foi pioneiro na instalação do Primeiro Circuito Interno de TV em bar, onde Flavia Gazola produzia comerciais, shows interativos e vídeos de ficção, ampliando o alcance da cultura na época.
Reconhecido nacionalmente por sua relevância, o Porto de Elis também influenciou a moda, os costumes e o comportamento em Caxias do Sul, com a abertura de uma filial, reunindo diferentes tribos e estilos, conforme relata o colunista João Pulita, do Jornal Pioneiro.
A pré-estreia do documentário está marcada para o dia 15 de maio, 19h, na Cinemateca Paulo Amorim, na Casa de Cultura Mario Quintana. Depois haverá acesso gratuito, a partir do mês de julho, pelo canal do YouTube @medicaltv, reforçando a mensagem de que “cultura também é saúde”, segundo a diretora Flavia Gazola. No perfil no documentário no Instagram @clubedoporto2025, é possível acompanhar notícias e trechos inéditos. O filme conta com a participação especial de Valéria Barcellos cantando a música tema, composta por Ricardo Severo. Em Caxias do Sul a pré-estreia será no dia 21 de maio, no Centro de Cultura Ordovás.
Link para o teaser: https://drive.google.com/file/d/1E6ED9duu0CcUgMjbon-_cajCUlkmcvfJ/view
div: Creuza Barreto
cred: Divulgação