Projeto que irá resgatar a memória de cinemas de Pelotas busca histórias de quem viveu aquela época

  • Cultura
  • 03/04/2025 - 00:04
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Interessados podem se inscrever até o dia 27 de abril pelo site do Pequeno Inventário de Plateias



Entre 1910 e 1968, Pelotas encontrava-se em uma posição cultural privilegiada com mais de 30 salas de exibição, entre cinemas "de calçada", e cineteatros. Vários bairros tinham uma ou mais salas de cinema. Entre estes, está o Theatro Sete de Abril. Inaugurado em 1834 – e se não fosse interditado em 2010, seria o mais antigo do país em funcionamento – em uma cidade próspera, baseada na produção das charqueadas, cuja riqueza alimentava certos hábitos burgueses, o espaço entrou no circuito das principais atrações e companhias que transitaram entre porto Alegre, Rio de Janeiro, até Montevidéu e Buenos Aires.

Já Teatro Guarany foi inaugurado em 30 de abril de 1921 com a apresentação da ópera “O Guarany” de Carlos Gomes. Projetado para desempenhar atividades de cinema e teatro, as exibições de filmes ocorreram até 24 de outubro de 1996. Pode-se afirmar que, neste período, o Guarany vivenciou todas as fases que marcaram a trajetória dos cinemas de calçada no cenário brasileiro. Atualmente, funciona apenas como teatro e cenário para a realização de espetáculos de música, dança e solenidades de formatura dos cursos das universidades locais.

Com o tempo, as salas foram entrando em extinção e grandes cinemas foram fechando as portas, deixando prédios abandonados ou nas mãos e outros negócios.

Com o intuito de mapear e resgatar a história destas salas, a partir de depoimentos de quem viveu um período que colocou Pelotas numa posição privilegiada da cultura brasileira, um grupo de pesquisadores criou o projeto Pequeno Inventário de Plateias. A proposta se divide em duas vertentes metodológicas: uma investigação documental, que buscará dados históricos, arquitetônicos e jornalísticos, e outra, que se apoia na história oral e na memória afetiva de integrantes de diferentes setores da sociedade, como trabalhadores, frequentadores assíduos ou esporádicos que tiveram esses lugares como cenário de episódios marcantes para as suas vidas.

A convocatória para que os pelotenses relatem suas memórias ficará disponível até o dia 27 de abril pelo site www.inventariodeplateias.com.br. Serão selecionadas dez histórias, que serão registradas em áudio e, no dia 8 de agosto, comporão a exposição Pequeno Inventário de Plateias, na Secretaria Municipal de Cultura. O projeto prevê, ainda, a distribuição de um mapa acessível com os espaços pesquisados. O material propõe um percurso urbano, no qual o transeunte também poderá encontrar o local exato dos dez depoimentos. Esses pontos serão sinalizados por um QR Code fixado pela cidade

“É um projeto de memória e patrimônio que não tem o rigor acadêmico, mas busca aproximar a pesquisa do público em geral e tornar o acesso aos seus resultados mais simplificado. A partir do mapeamento desses lugares e da busca por informações factuais, queremos resgatar a história oral e a memória afetiva de quem viveu e habitou esses lugares e compreender como os cineteatros e os cinemas de calçada mobilizavam a sociedade e o espaço urbano”, diz a idealizadora do Pequeno Inventário de Plateias, Tainah Dadda.

O projeto Pequeno Inventário de Plateias é realizado com recursos da Lei Complementar n. 195/2022, Lei Paulo Gustavo.

CRONOGRAMA
Site: www.inventariodeplateias.com.br
Instagram: @inventariodeplateias

28 março a 27 de abril: Convocatória para a recolha dos relatos pelo site www.inventariodeplateias.com.br

25 de maio a 25 junho: Convocatória para artistas visuais pelo site www.inventariodeplateias.com.br

08 de agosto a 08 de setembro: Exposição de Pequeno Inventário de Plateias na Secretaria da Cultura de Pelotas (Praça Cel. Pedro Osório, 02 – Centro)

FICHA TÉCNICA
Pequeno Inventário de Plateias
Curadoria e pesquisa: Tainah Dadda
Pesquisa e identidade visual: Renato Cabral
Produção executiva, web design e fotografia: Aruna Cruz
Produção executiva e edição de áudio: Gustavo Cunha
Assistência de produção e identidade visual: Patrick Tedesco
Técnico de gravação: Bruno Chaves
Social media: Vitória Proença
Assessoria de imprensa: Roberta Amaral
Mediação da exposição: Grupo Patafi?sica





Fonte: Roberta Amaral | Jornalista
Foto Aruna Cruz