Com curadoria de José Francisco Alves, abertura será no dia 11 de março
no Museu de Arte do Paço - MAPA
O escultor Paulo Favalli inaugura a exposição Homo Machina Reloaded, sua segunda individual em um museu de Porto Alegre, após a exposição Homo Machina, que teve grande visitação nas Salas Negras do MARGS, no início de 2019. Desta vez, o espaço é a Sala Aldo Locatelli, do recém inaugurado Museu de Arte do Paço - MAPA, tradicional prédio que foi a sede do Executivo Municipal de 1901 a 2022.
A individual apresenta um conceito totalmente ampliado, mais profundo e com novas abordagens criativas a respeito das pesquisas anteriores do artista. A mostra traz uma reflexão crítica sobre a relação entre o ser humano e a tecnologia, através de uma linguagem artística ainda mais complexa e imersiva. A principal inovação de Homo Machina Reloaded é o desenvolvimento de um olhar mais antropológico e ambiental sobre os temas de Favalli, focando na interação entre a humanidade e as tecnologias que, ao longo da história, definiram sua evolução. Enquanto a modelagem anatômica permanece como base de sua obra, pano de fundo, o destaque agora está nas questões que envolvem o impacto da tecnologia na sociedade e no meio ambiente. Homo Machina Reloaded tem a curadoria de José Francisco Alves, membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).
Segundo Favalli, diferente da primeira exposição Homo Machina (2019), onde a tecnologia aparecia de forma alegórica, como complemento, desta vez ela é mais interativa e intrínseca à composição das esculturas. Displays com mensagens, sons e computadores funcionais fazem parte das esculturas, criando uma experiência imersiva para o público, que será desafiado a refletir sobre as implicações das inovações tecnológicas em nosso futuro. “A exposição convida o público a uma viagem no tempo, percorrendo a história da humanidade desde seus feitos mais primitivos até um futuro incerto, despertando reflexões sobre os rumos que estamos tomando em relação ao desenvolvimento tecnológico. Em um formato multimídia, com vídeos, som e elementos plásticos, Homo Machina Reloaded propõe questionamentos sobre o papel da tecnologia no processo evolutivo humano, além de alertar para as consequências ambientais dessa trajetória”, explica o escultor.
De acordo com o curador, José Francisco Alves, o artista esboça as peças por meio de desenhos, a ponto de o conceito estar pronto para a modelagem da figura humana em barro, plastilina ou similar, com vistas a serem vertidas ao bronze. “Na fundição, há o processo de realização das fôrmas, a cópia em cera, a finalização do molde e o processo de cera perdida. As obras constituem-se dessa maneira pelo objetivo do artista em criar um mundo sob atmosfera cibernética, a projetar combinações humanas anatômicas e componentes robóticos, em inspiração SciFi”, analisa. Além do bronze, material tradicionalmente utilizado em suas esculturas, Favalli incorporou a cerâmica como novo meio de expressão, trazendo texturas e cores inovadoras que se conectam diretamente ao conceito da exposição. A cerâmica simboliza tanto a linguagem arcaica da tecnologia quanto o contraste com a ideia futurista de inovação. A fusão desses materiais enriquece a narrativa visual da mostra, que mistura passado e futuro de forma instigante. Para Favalli, Homo Machina Reloaded é o projeto da sua vida. Com uma abordagem pessoal, o artista conecta sua experiência como cirurgião plástico à sua produção artística, trazendo questões que, embora distantes da sua prática clínica, refletem sua curiosidade e paixão por temas como inteligência artificial, questões ambientais e os desafios da sociedade contemporânea. Ao longo do processo criativo, Favalli não buscou apenas reunir obras para uma exposição, mas, sim, conceber uma experiência imersiva única, onde as esculturas, as instalações multimídia e os conceitos se entrelaçam para formar uma narrativa única sobre a jornada da humanidade e seus desafios futuros. “Homo Machina Reloaded é, sem dúvida, um convite à reflexão profunda sobre os rumos que a humanidade está tomando em um mundo cada vez mais tecnológico e interconectado. A exposição promete não apenas encantar, mas também provocar uma análise crítica sobre a tecnologia, a sociedade e o futuro do planeta”, finaliza.
Sobre o artista
(Porto Alegre, 1974). Escultor e cirurgião plástico. Paulo Favalli é um curioso e apaixonado por anatomia humana mesmo antes de cursar Medicina e produziu e publicou trabalhos como ilustrador médico ao longo de sua formação. Escolheu a cirurgia plástica por ver que a especialidade ainda recorre a muitos recursos artesanais e criativos no emprego das técnicas cirúrgicas. Atua hoje com ênfase no campo da cirurgia mamária, abrangendo a cirurgia estética e reconstrutiva.
Em 2008, buscando expandir seu domínio sobre o tridimensional, realizou sua primeira escultura em bronze. Favalli construiu sua linguagem artística a partir da modelagem figurativa em argila ou plastilina, embasado em seus conhecimentos de anatomia, bem como da apropriação de peças elétricas e mecânicas de garimpo. O resultado são esculturas híbridas, que remetem ao clássico conceito homem-máquina, fortemente influenciadas pela ficção científica. Nos últimos anos, principalmente após uma vivência imersiva, sob a orientação de dois dos grandes escultores da atualidade, Eudald de Juana e GrzegorzGwiazda, Favalli buscou ampliar fronteiras em seu trabalho.
O realismo passou a se sobressair à anatomia, antes explícita e o emprego de computadores programados, que funcionam de verdade, traz agora a experiência interativa entre observador e algumas esculturas. O conceito que ressalta a forte simbiose entre humanos e tecnologia permanece, mas dentro das novas tendências buscadas pelo artista, talvez as que mais se destaquem sejam seu forte apelo por temas como antropologia, futuros distópicos e meio ambiente. Nesta nova jornada, Favalli viu a necessidade de se expressar também através da cerâmica, material tão milenar quanto o bronze e que ele apresenta lado a lado às obras de metal fundido.
Instagram: @paulo.favalli
SERVIÇO
Exposição Homo Machina Reloaded
Abertura: 11 de março de 2025, das 18h30 às 21h
Visitação: de 12 de março a 10 de maio de 2025
Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Local: Museu de Arte do Paço - MAPA (Praça Montevidéu, 10 - Centro Histórico)
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foto: Silvia Brum