Galeria Tina Zappoli inaugura exposição 'Cena Muda'

  • Cultura
  • 17/10/2024 - 12:11
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Abertura da mostra coletiva ocorre no dia 25 de outubro em Porto Alegre

Crédito fotos: Anderson Astor; Luizinho Bebber

Tradicional espaço expositivo das artes da capital gaúcha, a GALERIA TINA ZAPPOLI (Paulino Teixeira, 35) apresenta uma nova mostra coletiva a partir de 25 de outubro, sexta-feira. A inauguração da exposição “Cena Muda” ocorre no endereço do bairro Rio Branco a partir das 19h.

À frente da galeria já há 43 anos (ao lado do marido e artista Marinho Neto), Tina Zappoli completa em 2024 cinco décadas ininterruptas de atuação no mercado da arte. O espaço que leva seu nome é referência em Porto Alegre da convivência singular da arte popular brasileira com obras contemporâneas e exemplares dos grandes artistas da nossa terra.

Com cerca de 80 obras, a nova coletiva exibe trabalhos de Alberto Cedrón (Buenos Aires, Argentina, 1937-2007), Maria Lídia Magliani (Pelotas/RS, 1946-Rio de Janeiro, 2012), Marinho Neto (Aracaju/SE, 1949), Itelvino Jahn (Montenegro/RS, 1958), Tere Finger (Flores da Cunha/RS, 1961), Catarina Dantas (Floresta/PE, 1985) e Gabriel Augusto (Goiânia/GO, 1991).

Trazendo obras figurativas, com uma linguagem forte, de artistas que abordam a condição humana, a exposição seguirá aberta para visitação até 20 de dezembro de 2024, de segunda a sexta-feira, das 14h às 19h, com entrada franca. O título “Cena Muda” reforça a intenção da Galeria Tina Zappoli em reafirmar que, nas artes visuais, o trabalho do autor fala por si só.


Mostra coletiva “Cena Muda”

Inauguração: 25 de outubro de 2024 (sexta-feira), a partir das 19h

Local: GALERIA TINA ZAPPOLI

Endereço: Rua Coronel Paulino Teixeira, 35 - Bairro Rio Branco - Porto Alegre/RS

Visitação da exposição: até 20 de dezembro de 2024, com entrada franca

Horário: segunda a sexta-feira, das 14h às 19h

Telefone: (51) 3332-3726

Site: brasilartegaleria.com.br

E-mail: galeriatinazappoli@gmail.com




ANTES TARDE – CENA MUDA
“Uma nuvem paira imensa no horizonte! Tudo parecia estar ali: a árvore, o edifício, os homens e os outros animais que vigiavam por perto e de vez em quando passavam em frente. Uma certa animação os mantinha em busca de equilíbrio. Era sol e ia chover logo, sem demora. Alguns pingos já brilhavam entre eles e cobriam os espaços sem sombras. Sem dúvidas alguém se aproxima e sem conversa diz querer saber por quê. Houvera encontros às vezes, e algo se passara no íntimo de todos que ainda circulavam. Era fácil vê-los juntos naqueles instantes de aproximação, solidariedade mínima, tempo mínimo dispensável à oportunidade. O vento soprava forte e brincava com os que se moviam e se encontravam soltos. O tempo criava histórias com a noite que se apresentava sempre com pássaros. E ele queria voar! Num primeiro encontro lhe perguntaram por quê. Víamos sozinho na esquina de sinais e pouca luz, numa busca de atravessar o outro, também molhado apesar da leveza da água. Um automóvel que para, oferece rapidez e permanece. E ele sai com as árvores e a nuvem quando tudo parecia estar ali.” (Marinho Neto, outono de 1987)

Sobre os artistas participantes:

Alberto Cedrón
O pintor vanguardista argentino Alberto Cedrón (Buenos Aires, 1937-2007) enfrentou a arte complacente com um grito desafiador, caótico e sublime. Sobre a série Carteles, exposta em “Cena Muda” e até o momento inédita no Brasil (foi vista somente em sua última exposição em vida na capital argentina), Maria Souto (2015) diz: “Seu excelente senso de humor o levou a capturar tudo o que via. Os seus cartazes antipublicidade demonstram isso. Com fingida ignorância ortográfica, levou-nos a usufruir de todos os tipos de comunicação popular. Seu fino senso de humor, sua ironia afiada, sua sensibilidade, tudo em Cedrón nos leva a nos reconhecer e a nos reconhecer em seu legado”.

Maria Lídia Magliani
Magliani (Pelotas/RS, 1946/Rio de Janeiro, 2012) foi uma vida inteira uma compulsiva escritora de cartas. Sua facilidade em escrever e sua verve tragicômica fazia o fato de receber uma carta dela um acontecimento. Talvez por isso tenha feito já no final da vida uma série que denominou “Cartas” e que ora mostramos pela primeira vez na galeria. Um resumo de tudo aquilo que escreveu em forma de imagens. Com seu espírito livre e contestatório, a artista escreveu em 1983 uma carta dirigida à galerista Tina Zappoli, se situando dentro do circuito de arte paulista e brasileiro.

Marinho Neto
O fotógrafo sergipano nascido em Aracaju em 1949 mora em Porto Alegre (RS) desde 1986, onde dá eco à sua obra, definida como “Ponte sobre os abismos”. Sobre o seu processo artístico, Marinho Neto afirma: “Acho que a verdadeira Arte seja sempre isso: a criação de uma outra realidade que nos unifica mais ao todo, fazendo-nos mais participantes do universo que nos cerca e nos atrai. E o que faço é sempre uma resposta a essa atitude e compreensão.” O artista atua na Galeria Tina Zappoli, na capital gaúcha, desde 1990.

Itelvino Jahn
Nascido e criado no meio do mato, o escultor gaúcho autodidata Itelvino Jahn (Montenegro/RS, 1958) é chamado de “o maestro da sinfonia da natureza”. Nos mostra, com suas peças, que tudo que tem vida, tem forma orgânica, mesmo as árvores mortas, que são sua matéria-prima. Dá vida a elas numa espécie de ressuscitação, provando que todos somos natureza, árvores e gentes. E ai de nós que esqueçamos disto. A natureza já está cobrando seu espaço por conta deste esquecimento. E, para além disso, nos toca, através de suas esculturas, como um maestro a reger uma sinfonia... Alternando graves e agudos, cheios e vazios, matéria densa e leve, tudo numa mesma peça, criando assim, espaço para sentirmos sua obra como música.

Tere Finger
Tere Finger (Flores da Cunha/RS, 1961): “Gosto de dizer que o meu trabalho é o significado do meu próprio eu. Abordo os restos, os rastros das minhas vivências e memórias. Materiais diferentes, referências afetivas, permeiam meu processo onde sempre tento retratar o humano e suas relações com o mundo e a natureza. Sempre uso a figura humana porque é a parte mais próxima de mim. A arte é a maneira que encontrei de propor novas questões. Ela funciona como uma ferramenta para novos questionamentos e reflexões. Pretendo com este trabalho dar mais significados às necessidades humanas. Acredito que a arte é a esperança e o desejo de que o homem transcenda sua condição animal, e chegue, quem sabe, a alcançar o sagrado que existe em cada um de nós”.

Catarina Dantas
Xilogravadora pernambucana que vive e trabalha na cidade de Caraguatatuba (SP), Catarina Dantas (Floresta/PE, 1985) iniciou seus estudos em gravura em 2016, aprofundando-se no período da pandemia, em 2020. Realiza muito dos seus papéis artesanalmente, e seus interesses estão na abordagem do feminino, mulheres de seu entorno e círculo de amizades, especialmente retratando mulheres negras, indígenas e a religiosidade afro-brasileira. A goiva grava delicadeza e resistência inspirada por mulheres míticas e reais. Neste ano de 2024, está fazendo sua estreia no circuito artístico nacional através da coletiva Geografias da Ancestralidade no Paço das Artes em São Paulo e na coletiva Cena Muda na Galeria Tina Zappoli de Porto Alegre.

Gabriel Augusto
Desde a infância, Gabriel Augusto (Goiânia/GO, 1991) sempre teve interesse pelas artes plásticas e foi aprimorando o talento inato através de cursos até chegar à Universidade Federal de Goiás para cursar Design Gráfico e Artes Visuais. Apesar de ter obras distribuídas por mais de 15 países, no Brasil, até pouco tempo atrás, era um artista mais de mídias sociais do que de espaços expositivos. Foi através de seu lançamento na Galeria Tina Zappoli em Passos sobre os abismos, em 2022, que passou a ser conhecido também pelo público do circuito artístico nacional. Hoje, já soma uma individual no Centro Cultural Cora Coralina de Goiânia, um prêmio Destaque na FARGO (Feira de Arte de Goiás) e também a exposição inaugural do MUDDA (Museu do Depois do Amanhã). Apesar de sua pouca estrada como artista, já está presente em importantes coleções. Segundo o curador Ricardo Brandes, suas obras são bastante impactantes, tanto pela temática tanto pela força de qualidade de técnica. A matéria prima sintética dá forma às imagens bastante orgânicas e ao mesmo tempo etéreas, que num primeiro momento podem parecer um tanto mórbidas, mas que analisadas sobre outros vieses, como a antropologia e a psicologia, podem ser vistas de forma muito mais profunda e poética”.



COMUNICAÇÃO: CAROL ZATT ASSESSORIA