As baixas temperaturas do inverno são um convite para que as pessoas fiquem mais reclusas, no intuito de se aquecerem e buscarem conforto em suas casas. Contudo, manter práticas que estimulem a interatividade com outras pessoas é fundamental para manter a saúde mental e, até, evitar doenças como a depressão e ansiedade. Com o público idoso, isso não é diferente.
Já no final do ano passado a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertava para o fato de que a solidão é capaz de aumentar em 25% o risco de morte, em 50% o de demência e em 30% a possibilidade de desenvolver doenças cardiovasculares. Este ano, a OMS, então, criou a Comissão de Conexões Sociais, com o objetivo de elevar o tema à prioridade global e propor soluções. Entre o público 60+ esse cuidado precisa ser ainda mais urgente, uma vez que os efeitos precisam ser minimizados o mais depressa possível.
Se por um lado a solidão traz essa preocupação, por outro, a atividade e a interação social trazem resultados significativos na direção oposta. Estudo conduzido pela revista científica californiana PLoS Medicine junto a 308 mil indivíduos aponta que pessoas com relações sociais adequadas e ativas possuem 50% mais chance de sobrevivência comparado a pessoas com poucas ou relações sociais insuficientes em seus círculos de convivência. Os benefícios para o corpo e para a mente oriundos da socialização são comparáveis a situações como o ato de parar de fumar. Por outro lado, a falta de relações sociais pode ser equiparável até mesmo ao desenvolvimento de fatores de risco graves à saúde, como a obesidade e as doenças cardiovasculares.
“A solidão e a ausência de atividades básicas do dia a dia que nos estimulem a conviver com os nossos pares são um fator de risco importante que pode e deve ser considerado quando avaliamos a rotina de uma pessoa idosa” defende a Dra. Paula Dutra, médica do departamento de geriatria do Magno Três Figueiras São Pietro.
Segundo ela, a interação social é um motivador para a estimulação cerebral. “Manter cérebro ativo através de conversas, histórias compartilhadas com outras pessoas ajuda a retardar déficits cognitivos”, explica.
Piora na qualidade do sono e depressão são algumas das consequências mais naturais da falta de atividades de cunho socializante. “Conviver com outras pessoas pode significar maior suporte emocional e mais oportunidades para socialização”, resume.
Dicas de socialização:
Manter grupo de idosos com o mesmo interesse (leitura, hobbies...)
Realização de atividades físicas (de preferência, ao ar livre, quando possível e seguro)
Interagir com familiares
Realizar eventos voltados para os interesses desta faixa etária (festas, bailes, jogos)
Criar e explorar ambientes favoráveis à interação social (pátios, jardins, espaços para conversas ou filmes)
Estimular responsabilidades de acordo com suas possibilidades (cuidar de alguma planta, fazer um prato, praticar alguma ação voluntária para ajudar alguém, organizar suas fotografias)
Promover passeios a outros ambientes, como shoppings, praças, lugares novos.
Benefícios:
Melhora da saúde física, mental e emocional
Melhora da autoconfiança e autoestima, resultando em maior independência e senso de pertencimento
Reforça a sensação de autonomia e responsabilidade
Melhora a cognição e a atividade cerebral
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foto: Divulgação