ARTISTA GAÚCHA EXPÕE NO MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE PORTUGAL

  • Cultura
  • 13/05/2024 - 01:14
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Ana Norogrando apresenta a obra multimodalidade “O Submarino Feminista Aquafluxo”, com curadoria de Gaudêncio Fidelis, em Lisboa




A artista visual gaúcha Ana Norogrando expõe a instalação inédita “O Submarino Feminista Aquafluxo” no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) de Portugal, em Lisboa. A exposição individual da obra multimodalidade na capital portuguesa tem curadoria de Gaudêncio Fidelis, atualmente professor associado de História da Arte do Programa de Arte e História da Arte do Hunter College da Universidade do Estado de Nova York.



A mostra será aberta nesta sexta-feira (10/05), às 18h (hora local). Com 19 m de comprimento e 2,20 m de largura, “O Submarino Feminista Aquafluxo” poderá ser visitado até 30 de junho no MNAC (Rua Serpa Pinto, nº 4, bairro do Chiado). A obra de grande porte é integrada por esculturas, objetos, pinturas, fotografias, documentação impressa de arquivo, música (composta pelo compositor e designer de som Alfonso Benetti), videoprojeções e outros elementos construtivos.

A artista, nascida em Cachoeira do Sul (região Central do Rio Grande do Sul), em 1951, celebra a “oportunidade única de realizar este trabalho em uma galeria do MNAC, cujo espaço físico se ajusta à formulação da instalação, concebida há mais de um ano”. Segundo ela, sua obra busca colaborar para uma abordagem feminista vinculada ao espaço da tecnologia e da arquitetura, e a interioridade física da Galeria PeP do museu é “perfeita” para o projeto por seu formato longitudinal, que encontra paralelo na forma de um submarino. Norogrando, de uns tempos para cá, tem se dividido entre o Brasil (Porto Alegre, onde mora e tem atelier na Ilha Grande dos Marinheiros), Portugal e Alemanha, países em que suas filhas vivem na Europa.

Gaudêncio, que foi Curador-chefe da 10ª Bienal do Mercosul (2015) e da Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, entre outros trabalhos, diz que a obra de Norogrando foi concebida como uma construção metafórica que evoca o interior de um submarino, o aquafluxo. “Essa interioridade é então transformada em uma exterioridade através de paralelismo com o espaço do museu onde foi instalada, não somente por essa construção metafórica, mas através de um vínculo com a realidade do chamado ‘sistema da arte”’, representada pelo espaço longitudinal específico da galeria”.


DESAFIO AOS SENTIDOS

Desenvolvida como um repositório de ideias e conceitos, ao contrário de uma estrutura fechada em si mesma, a obra é composicional e todas as suas partes se inter-relacionam em um todo coerente. A instalação foi projetada, conforme Gaudêncio, como sendo uma plataforma de experimentação sensorial, “com vista a dar uma colaboração para construir uma historiografia dos sentidos, com a utilização de dispositivos conceituais relacionados aos sentidos”.

A história da arte ocidental, observa o curador, é fundada no sentido da visão (o olhar); os outros sentidos (olfato, tato, audição e paladar) foram relegados historicamente. “Uma parte ainda muito pequena da produção contemporânea vem desafiando estes princípios e a obra de Ana Norogrando propõe-se a dar uma contribuição relevante neste aspecto”, avalia Gaudêncio Fidelis. Para ele, a artista dirige o submarino como uma figura feminina de uma “flâneuse”, que circula hipoteticamente via águas do Atlântico em direção a Lisboa. O repositório em movimento através do “submarino feminista” é um repositório de histórias e estórias não-patriarcais.

O curador passou a viver e trabalhar em Nova York depois de seu trabalho ter sido atacado na Queermuseu, em Porto Alegre, em 2017, por grupos de extrema direita, o que determinou o fechamento prematuro da mostra, de modo unilateral pelo Santander Cultural, fato que gerou repercussão internacional. Mas antes de se mudar para os Estados Unidos, Gaudêncio, apoiado pela sociedade civil, montou a exposição no Parque Lage, no Rio de Janeiro, em 2018.

CATÁLOGO

Com apoio da República Portuguesa/Cultura, Museus e Monumentos de Portugal, MNAC e Portugal Entre Patrimônios, foram impressos 600 exemplares do catálogo da exposição, publicação bilíngue (português/inglês), com 112 páginas, ricamente ilustrado com dezenas de figuras. A versão digital está disponível no site da artista: ananorogrando.com.br


No texto de abertura do catálogo, a diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Emília Ferreira, defende que a arte deve ser vista com mais sentidos. “O objeto artístico não está fora do mundo, antes dentro dele, construindo-o, questionando-o, projetando-o para tempos e lugares insuspeitos. É isso que encontramos no Submarino Feminista Aquafluxo, de Ana Norogrando. Como descreve o curador, esta instalação multimodalidade é uma metáfora que se move e nos desafia a pensar, com uma pluralidade de sentidos, sobre a própria identidade de um objeto/projeto artístico hoje”, escreve ela.



Biografias

ANA NOROGRANDO [Brasil, 1951 – Vive e trabalha em Porto Alegre - Brasil e Aveiro - Portugal]. Desenvolve projetos em escultura, e instalações multissensoriais. Realizou projetos de pesquisa em arte junto às terras e comunidades indígenas Kaingang do sul do Brasil e na comunidade da Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre, Brasil. Realizou residência artística e desenvolveu o projeto pelas Águas da Ria em Aveiro- Portugal. Possui obras em diversos acervos públicos e coleções particulares. Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior, tais como Sobre as Águas no MAC/RS, Sincronias na Sala Janete Costa/PE, a retrospectiva Ana Norogrando - Obras 1968-2013 no MARGS/RS, Corpos e Partes na Fundação Badesc/SC, Corpos de Fábrica no Museu Oscar Niemeyer/PR e Coreografia de Sombras na Galeria Morgados da Pedricosa/Aveiro, Portugal. Participou de inúmeras exposições coletivas como a 10a Bienal do Mercosul – Mensagens de Uma Nova América em 2014, Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira em 2017-2018, da Bienal de Valongo, na cidade de Porto, Portugal em 2023. Fora das Sombras no Museu Oscar Niemeyer/Brasil em 2022 e Trama na Fundação Iberê Camargo/ Brasil em 2023. (www.ananorogrando.com.br)



GAUDÊNCIO FIDELIS [Brasil, 1965-Vive na cidade de Nova Iorque] é curador e historiador de arte especializado em arte brasileira moderna e contemporânea e arte das américas. É Mestre em Arte pela New York University (NYU) e Doutor em História da Arte pela State University of New York (SUNY). Foi fundador e primeiro diretor do Museu de Arte Contemporânea do RS, em 1992. Publicou entre inúmeros livros O Cheiro Como Critério: em Direção a Uma Política Olfatória em Curadoria (Argos, 2015). Organizou e realizou a curadoria de mais de 50 exposições. Foi diretor do Museu de Arte do Rio Grande Sul/Brasil (MARGS) entre 2011-14. Foi Curador-chefe Da 10ª Bienal do MERCOSUL – Mensagens de uma Nova América em 2015 e curador da exposição Quermesse: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira em 2017 mostrada em Porto Alegre no Santander Cultural e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 2018. De 2019 a 2022 foi Financiado pelo Instituto desligado Internacional Educativo (IIE) - Scholars Recue Fund. (SRF), e pelo programa The New Sacholo University in Exile Consortium (UIE), enquanto trabalhava como pesquisador na Parsons School of Design em New York. Em 2022 tornou-se professor Assistente de Curadoria da Parsons School of Design de Nova Iorque. Foi diretor do Sheila C. Johnson Design Center da mesma instituição. É atualmente professor Associado de História da Arte do programa de Arte e História da Arte do Hunter College da Universidade do Estado de Nova Iorque.



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Carlos Souza, assessor de imprensa

CONTATOS DA ARTISTA E DO CURADOR


ananorogrando@gmail.com
gaucafi@yahoo.com



Fotos da obra no MNAC - Divulgação da artista
Fotos da artista - Bruno Zulian
Foto do interior do MNAC - Ana Norogrando