Um novo jeito de consumir moda chega no Brasil

  • Moda
  • 04/12/2023 - 09:27
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B. Circle é uma iniciativa com propósito e muita inovação, que já conta com milhares de donos e donas de brechós de todo o país

“A união entre brechonistas permite que tenham força para competir com grandes varejistas, se estruturando cada vez mais.” (Carol Guedes - CEO da Companhia B. Circle)

Cada vez mais, o planeta exige soluções inteligentes em busca da sustentabilidade, em seu tripé: econômico, social e ambiental. E a indústria da moda, uma das mais poluidoras do mundo, que vinha se pautando pela forma linear na produção do ‘fast fashion’, hoje tem forte tendência para a moda circular, claramente o caminho mais sustentável para este mercado. Uma das maiores novidades neste setor foi lançada em novembro em suas plataformas digitais: www.bcircle.com.br

Fundadora da marca, Carol Guedes é entusiasta da moda circular e comemora que a b.circle chega com toda a força, seja pela sustentabilidade diretamente, promovendo a diminuição da pegada de carbono, seja pela atemporalidade, por ser única e exclusiva. “Sem dúvida nenhuma, esta é uma ótima alternativa de mercado de moda, que cuida do planeta”, diz a CEO da companhia.

Com boa bagagem no fomento da economia comunitária e circular, Carol vem reunindo grupos de todo o Brasil e transformando seus sonhos em realidade. “No final de 2022 nos juntamos em torno desses propósitos e objetivos comuns, e criamos a b.circle!”, conta. “Em 2023, primeiramente criamos uma comunidade: queríamos escutar o mercado, entender as necessidades das donas e donos de brechós.”

Buscando compreender as ‘dores’ e necessidades desse setor, Carol reuniu um time que vem estudando muito o mercado no Brasil e no mundo, investindo em tecnologia e atraindo cada vez mais empreendedores do setor para esta comunidade.

Mulheres e a geração de empregos

A estratégia da marca é iniciar com foco nos empreendedores que estão desde o começo na comunidade, com peças masculinas, femininas, agênero e plus size. “Vamos oferecer ao Brasil inteiro uma ótima oportunidade de adquirir peças exclusivas, com muito estilo, enquanto constroem ativamente um futuro possível, já que também estarão contribuindo com a diminuição das emissões de carbono e com o microempreendedorismo brasileiro, gerando empregos e recursos dentro do seu país. Vale aqui ressaltar que 80% dos empreendedores de brechó são mulheres”, acrescenta a CEO.

Atitude e propósito para o sucesso

A marca foi criada com base em um tripé: comunidade, educação e tecnologia. A parte de comunidade envolve o fomento da economia circular e comunitária, permitindo que micro e pequenos empreendedores do setor possam ter, em um só ambiente, possibilidades de networking, encontros, troca de conhecimento e acesso a soluções desenhadas exclusivamente para eles.

“É um caminho para que alcancem um mercado enorme e escalável, que certamente de forma isolada não conseguiriam - com significativos investimentos em marketing, através de inovadora plataforma tecnológica, e frequentes eventos físicos em todo o Brasil”, explica Carol Guedes.

A segunda parte do tripé é a educação. “Parte estrutural de nosso objetivo, é permitir acesso a empreendedores do setor, a conhecimento, conteúdos criados especialmente para suas realidades”, acrescenta a CEO. “Nossa parceria com o Sebrae, para dar um exemplo, garante que tenham formação empreendedora, possibilidade de profissionalização e melhoria contínua. Importante ressaltar que a maior parte desses empreendedores são mulheres (80% do setor) que empreendem por necessidade, e por isso é fundamental que nosso plano contenha o acesso à educação”, diz Carol. Além disso, a marca produz cápsulas de conhecimento, newsletter, e-books e encontros na comunidade, dentre tantas outras iniciativas nessa direção.

E a tecnologia é a terceira parte do tripé. A b.circle é uma empresa de tecnologia. “Nossa inovadora plataforma tecnológica permite que empreendedores do setor tenham presença digital e possam vender significativamente mais, além de ter acesso a tantas soluções desenhadas especialmente para a economia circular”, informa Carol.

Números confirmam que este é o caminho

Hoje, a comunidade da b.circle tem 11.750 empreendedores de moda circular, número que, segundo a empresa, corresponde aproximadamente a 10% dos brechós do Brasil. Isto diz muito sobre o mercado e o potencial de negócios. Segundo o Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) houve um crescimento de 29,6% do volume de vendas dos brechós em 2022. A estimativa é que o mercado de moda circular ultrapasse a indústria “fast fashion” em 2028, de acordo com a Folha de São Paulo.

No Brasil, são aproximadamente 120 mil negócios ativos. E com um crescimento de 30,97% nos últimos 5 anos. Na pandemia, cresceu 11,08%, números expressivos, e que confirmam a tendência do negócio, segundo o Sebrae. “Nós, da b.circle, acreditamos que existe mais do que o dobro desse número, porém informais no Brasil”, diz a CEO.

De acordo com os dados de um estudo realizado pela consultoria Boston Consulting Group (BCG), a previsão para o mercado de artigos de moda usados - também alimentado pela maior preocupação da sociedade com os impactos ambientais da produção têxtil - é de crescimento de 15% a 20% até 2030.

Seguindo tendência mundial

Em mercados estrangeiros, onde o consumo de itens de segunda mão já é um hábito de consumo consolidado entre os clientes, a projeção é crescer 20% nos próximos três/cinco anos, com estimativa de potencial de mercado de R$ 64 bilhões, conforme dados do BCG.

Dados da empresa Statista mostram que este mercado avança no mundo todo e gerou US$ 4,9 bilhões em 2022. Até 2027, estima-se US$ 14,7 bilhões. Dados do Resale Report 2023 da ThredUp sugerem que optar por roupas de moda circular, em vez de novas, pode diminuir as emissões de carbono em até 25%. Veja aqui mais dados sobre a economia circular no mundo.

Parceiros ‘brechonistas’

A b.circle conta com sua comunidade de 11.750 membros, donas e donos de brechó do Brasil inteiro. É um grupo de networking, nichado com empreendedores e empreendedoras de moda circular. “Além de um espaço seguro de trocas diárias entre os brechonistas, onde os aprendizados, acertos e erros são compartilhados e a potência que isso gera ao grupo, oferecemos bate-papos com pessoas da própria comunidade”, diz Carol.

Dentro do grupo, a b.circle já promoveu encontros diversos entre parceiros. Entre eles, "Como abrir seu MEI e os seus benefícios", com Jéssyca Reis, contadora por profissão que há dois anos empreende em brechó e "Como tirar boas fotos e criar sua coleção com moda circular mode aumentar suas vendas”, com Gabi Freitas, designer de moda e empreendedora da moda circular.

Em outubro deste ano, a marca começou uma parceria com o Sebrae, oferecendo à comunidade um curso on-line, ao vivo para todo o Brasil e com certificação, chamado "Como transformar seguidores em compradores". Para 2024 estão previstos uma série de eventos educativos e de capacitação para empreendedores parceiros.

b.circle em Florianópolis

A capital manezinha foi escolhida para ser um dos primeiros braços da regionalização da b.circle. Explica Carol Guedes que a b.circle é uma empresa de tecnologia e, portanto, escolheu Floripa, por ser conhecida como a Ilha do Silício, um polo muito forte em tech, reconhecida em todo o Brasil.

Além disso, Santa Catarina tem uma enorme força no mercado de moda circular, o que já faz parte da cultura local. “Além da diversidade, do luxo, vintage, feminino, masculino, infantil, plus size e etc.”, cita a fundadora.

A expectativa para um futuro próximo é, com as estratégias bem definidas, transformar a marca no ecossistema de moda circular do país e, posteriormente, da América Latina,
com base em tecnologia inovadora e com um modelo que permite um caminho específico para o crescimento de quem empreende no setor.