Na série inédita que compõem a exposição "Solitude", Paulo Amaral apresenta obras inspiradas pela natureza. Esta série foi desenvolvida segundo elementos selecionados, resultado de acurada observação do ambiente natural e muito se aproxima tanto no que se refere à prática quanto ao tema do processo teórico-prático que há séculos orientou e inspirou a arte chinesa tradicional [a qual obteve relevante desenvolvimento, provavelmente, a partir de influência religiosa, segundo a prática de introspecção, instrumento de conexão do artista consigo mesmo]. Nesta série de desenhos a carvão, Amaral se aproxima de questões intrínsecas à autorreclusão, pertinentes ao universo da meditação.
Sob influência do budismo, ocorreu a valorização da produção artística chinesa, que deixou de ser considerada subalterna [algo inexistente na Grécia antiga, tampouco na Europa até o renascimento]. Esta produção obedecia a um método de trabalho no qual os artistas desenvolviam suas habilidades orientados pela meditação e concentração; e somente após adquirir almejada aptidão técnica de representação dos elementos da natureza é que era viável ir a campo para exercitar a contemplação e, deste modo, capturar a “essência da paisagem”, a qual era registrada somente no retorno ao ateliê, portanto, sem a pretensão de obter resultado fidedigno à realidade.
Em sintonia à proposição de criar segundo a emoção diante do belo [e por este se deixar arrebatar], Amaral apresenta "Solitude", série de desenhos a carvão, desenvolvidos a partir de fragmentos do ambiente natural [o mar, as árvores, as montanhas], um conjunto austero, contemplativo, onírico, que muito se aproxima do conceito aplicado na produção de arte chinesa, especialmente da pintura das grandes paisagens, nos séculos XII e XIII — cuja finalidade principal se restringia à meditação. Em "Solitude", Paulo Amaral discorre sobre o silêncio, a necessidade de entrar em contato consigo mesmo, e o prazer advindo da introspecção.
Fábio André Rheinheimer
SERVIÇO
EXPOSIÇÃO “Solitude”, de Paulo Amaral com curadoria de Fábio André Rheinheimer
Vernissage: 22 de novembro das 18h30 às 21h00.
Visitação: De 23 de novembro a 16 de dezembro de 2023 (de quarta-feira a sábado das 14h às 18h)
Conversa com o artista e o curador com visita guiada: Dia 02 de dezembro às 16h00 (Entrada gratuita).
Onde: HABITART. Rua Coronel Armando Assis, 286 – Três Figueiras, Porto Alegre
Visitação sob agendamento no WhatsApp: (51) 98189-9181 (Marilene Bittencourt)
Instagram: @_habitart_
Sobre o artista:
Paulo Amaral nasceu em Bagé, Rio Grande do Sul, em 1950. Iniciou seus estudos em pintura na Califórnia, em 1967. No Rio de Janeiro, anos 1970, filiou-se à Sociedade Brasileira de Belas Artes a convite de Sansão Campos Pereira, mestre da pintura nacional, do qual recebeu forte influência em
sua arte. Formou-se engenheiro civil em 1974, exercendo carreira por 30 anos em Porto Alegre, onde também presidiu o SINDUSCON-RS. Suas atividades no campo das artes não se restringiram ao ofício da pintura. Dirigiu o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) por três períodos: (1997-1998, no qual conduziu as obras de definitivo restauro da instituição), (2003-2006) e (2015-2018). Foi curador, pelo Rio Grande do Sul, da Saison Brésil-France – 2005 (Ano do Brasil na França) tendo desempenhado a atividade de curadoria na identificação e no incentivo de novos talentos nas artes visuais.
Sobre o curador:
Fábio André Rheinheimer, arquiteto, artista visual e curador independente, participou de várias exposições coletivas, exposições individuais e salões de arte. Atua profissionalmente nas áreas de arquitetura e artes visuais, em Porto Alegre, onde reside.
Marilene Bittencourt
Galeria Habitart