As apresentações ocorrem de 10 a 19 de novembro, no Theatro São Pedro. Peça é inspirada no livro “Sapiens”, que retoma a história da humanidade, caminhando por temas como deuses, dinheiro, nações e consciência
Conteúdo por Roberta Amaral
Depois do sucesso de público e de crítica, que rendeu 31 indicações e os prêmios Shell e APTR (Associação de Produtores de Teatro) de Melhor Atriz e de Melhor Música, Vera Holtz sobe ao palco do Theatro São Pedro nos dias 10, 11, 12, 16, 17, 18 e 19 de novembro com o monólogo Ficções.
Idealizado pelo produtor Felipe Heráclito Lima e escrito e encenado por Rodrigo Portella, o espetáculo parte do best-seller “Sapiens – uma breve história da humanidade”, do professor e filósofo Yuval Noah Harari, que já vendeu mais de 23 milhões de cópias em todo o mundo. O enredo leva o público a refletir sobre a própria existência, no que é real ou inventado e no porquê a humanidade segue insegura e sem saber para onde ir.
Vera se desdobra em personagens da obra literária e em outras criadas por Rodrigo, canta, improvisa, “conversa” com Harari, brinca e instiga a plateia e interage com o músico Federico Puppi – autor e performer da trilha sonora original, com quem divide o palco. Em outros momentos, encarna a narradora e, às vezes, é a própria atriz falando.
“Eu gosto muito desse recorte que o Rodrigo fez, de poder criar e descriar, de trabalhar com o imaginário da plateia”, destaca a atriz. “O desafio é essa ciranda de personagens, que vai provocando, atiçando o espectador. Não se pode cristalizar, tem que estar o tempo todo oxigenada”, completa.
Para Rodrigo, “é um espetáculo íntimo, quem for lá vai se conectar com a Vera, ela está muito próxima, tem uma relação muito direta com o espectador.
Publicado em 2014, o livro de Harari afirma que o grande diferencial do homem em relação às outras espécies é sua capacidade de inventar, de criar ficções, de imaginar coisas coletivamente e, com isso, tornar possível a cooperação de milhões de pessoas – o que envolve praticamente tudo ao nosso redor: o conceito de nação, leis, religiões, sistemas políticos, empresas etc. Mas também o fato de que, apesar de sermos mais poderosos que nossos ancestrais, não somos mais felizes que esses. Partindo dessa premissa, o livro indaga: estamos usando nossa característica mais singular para construir ficções que nos proporcionem, coletivamente, uma vida melhor?
“É um livro que permite uma centena de reflexões a partir do momento em que nós pensamos como espécie e que, obviamente, dialoga com todo mundo. Acho que esse é o principal mérito da obra dele”, analisa Felipe, que comprou os direitos para adaptar o livro para o teatro em 2019.
Mais de 37 mil espectadores já assistiram à peça, que fez sua estreia em setembro de 2022 na capital carioca, seguiu para São Paulo em janeiro deste ano e percorreu outras cidades brasileiras.
Quando foi chamado para escrever e dirigir, Rodrigo imaginou que iria pegar pedaços do livro para transformar em um espetáculo: “Ao começar a ler, entendi que não era isso. Era preciso construir uma dramaturgia original a partir das premissas do Harari que seriam interessantes para o espetáculo. Em nenhum momento, no entanto, a gente quer dar conta do livro na peça. Na verdade, é um diálogo que a gente está estabelecendo com a obra”, enfatiza. A estrutura narrativa foi outro ponto determinante no propósito do espetáculo: “Eu queria fazer uma peça que fosse espatifada, não é aquela montagem que é uma história, que pega na mão do espectador e o leva no caminho da fábula. Quis ir por um caminho onde o espectador é convidado, provocado a construir essa peça com a gente. É uma espécie de jam session. É uma performance em construção, Vera e Federico brincam com tudo, com os cenários, tem uma coisa meio in progress”, descreve.
Rodrigo Portella criou um jogo teatral em que a todo momento o espectador é lembrado sobre a ficção ali encenada: “Um dos principais objetivos e? explorar o sentido de ficção em diversas direções, conectando as realidades criadas pela humanidade com o próprio acontecimento teatral”, resume.
Para a empreitada, Rodrigo Portella contou com a interlocução dramatúrgica de Bianca Ramoneda, Milla Fernandez e Miwa Yanagizawa: “Mesmo sem colaborar diretamente no texto, elas foram acompanhando, balizando a minha criação, foram conversas que me ajudaram a alinhar a direção, o caminho que daria para o espetáculo”, conta.
FICHA TÉCNICA
VERA HOLTZ em FICÇÕES
Inspirada a partir do livro “Sapiens – Uma breve história da humanidade”, de Yuval Noah Harari
Idealizada por Felipe Heráclito Lima
Escrita e encenada por Rodrigo Portella
Performance e Trilha Sonora Original: Federico Puppi
Interlocução dramatúrgica: Bianca Ramoneda, Milla Fernandez e Miwa Yanagizawa
Cenário: Bia Junqueira
Figurino: João Pimenta
Iluminação: Paulo Medeiros
Preparação corporal: Tony Rodrigues
Preparação vocal: Jorge Maya
Programação Visual: Cadão
Fotos: Ale Catan
Direção de produção: Alessandra Reis
Gestão de projetos e leis de incentivo: Natália Simonete
Produção executiva: Wesley Cardozo
Administração: Cristina Leite
Produtores associados: Alessandra Reis, Felipe Heráclito Lima e Natália Simonete
Produção local: Jaqueline Beltrame
SERVIÇO
Ficções
Temporada: 10, 11, 12, 16, 17, 18 e 19 de novembro de 2023
Horário: Quinta, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h
Onde: Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n – Centro Histórico)
Ingressos: R$40 a R$150
Ingressos antecipados: https://theatrosaopedro.rs.gov.br/ficcoes
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 80 min
Fotos em alta resolução AQU
Teaser
https://vimeo.com/811410008/083f72c8ea
https://vimeo.com/810620536/ce1d4b0d36
https://vimeo.com/810663866/190d63bb5d
Fotos Alê Catan