Assumindo ares de retrospectiva, a mostra 'Embutidos, Topológicos, Rotores' tenciona os limites entre arte, arquitetura e design
Estimado Selvagem (leão) 2008, MDF, compensado e fórmica, 120x200x15cm, uma das obras em exposição
Um dos mais comemorados nomes da arte contemporânea no Brasil, o gaúcho Daniel Acosta, realiza na Ocre Galeria sua mais nova exposição intitulada “Embutidos, Permeáveis, Topológicos, Rotores”. A mostra segue em cartaz até o dia 25 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 13h30min. No dia 9 de novembro, quinta-feira, às 18h, ocorre a Conversa com o Artista, tendo a mediação da pesquisadora e crítica de arte Gabriela Motta.
Tensionando os limites entre arte, arquitetura e design, e, ao mesmo tempo, redefinindo estes conceitos na arte contemporânea, o artista apresenta obras de diversos períodos de sua trajetória, ao mesmo tempo em que exibe trabalhos criados especialmente para o espaço expositivo localizado na Rua Demétrio Ribeiro, 535, Centro Histórico de Porto Alegre-RS. Esta é a segunda individual do artista em Porto Alegre. A primeira foi “Transfigurações”, em 1999, que ocupou a Sala de Exposições do Instituto de Artes da Ufrgs.
Em “Embutidos, Permeáveis, Topológicos, Rotores”, Daniel Acosta reúne obras de 2008, 2010, 2018, 2021, 2022 e 2023, o que confere à mostra certo tom de retrospectiva. Têm trabalhos clássicos de sua produção, como a “A Casa de Adão e Eva no Paraíso”, de 2010 e “Estimado Selvagem (leão)”, de 2008, ambas em fórmica, compensado em mdf, e tem a escultura de solo de 2018, “Permeável Jealousy”, em fórmica e compensado; todos os demais foram produzidos nos últimos três anos. Acosta classificou as obras por sua condição espacial, ou seja, a posição que ocupam em relação ao espaço expositivo e ao olhar de quem as observa. Assim, chegou às quatro condições que, são, exatamente, as que dão título à exposição.
Os “embutidos” são as peças em fórmica cortadas a laser e encaixados, a exemplo da já citada “Estimado Selvagem (leão)”, de 2008, e da “Paisagem de Evasão”, em fórmica, compensado e mdf, de 2021. Acosta destaca que nesta série o mais importante é a construção da imagem, a qual remete à ideia de marchetaria. É embutido porque está justo, encaixado, que é como as lâminas de fórmica são coladas, recortadas e encaixadas. Os “permeáveis” são elementos vazados, peças que permitem “ver através”. A permeabilidade é uma condição que interessa ao artista enquanto elemento de discussão por ligá-lo à arquitetura e por suas múltiplas possibilidades de leitura. Como exemplo, destaca-se a já citada “Permeável Jealousy”. Quanto aos “topológicos”, estes estão relacionados à noção de topografia, sugerindo uma relação com o espaço e com o expectador. Esta série está representada pela obra “Topocampo”, peça em fórmica e compensado, de 2021.
Por fim, os “rotores”, incluem obras que sugerem movimento e interação, propondo um diálogo com o espectador. Na parede da Ocre o visitante poderá interagir com uma peça de madeira maciça, que gira sobre o próprio eixo, apoiada em outros dois elementos fixados na parede. Há, também, estruturas de formas elipsoldais, em cimento, que apesar de não girarem sobre o próprio eixo, possuem, em sua constituição, um gabarito feito de madeira, que gira sobre o seu próprio eixo, sobre o qual é produzida a peça em cimento.
Experiências semelhantes a esses rotores já foram compartilhadas com o público em dois trabalhos anteriores, o Riorotor, de 2008, uma instalação interativa (220x500cm) feita em alumínio, tecido impresso com padrão de madeira plástico, acrílico, lâmpada fluorescente e motor, exposta no Itaú Cultural da Avenida Paulista, e o Rotorama (40x1500m), grande instalação em mdf, compensado, pinus, laminado cumarú, ferro, motor e adesivo recordado, que ocupou a Pinacoteca de São Paulo, em 2018, na qual Acosta elevou o piso do Octógano (o espaço central do edifício da Pinacoteca), criando um ambiente de interação e lucicidade.
Ao longo de mais de 30 anos de produção e inúmeras distinções, Daniel Acosta tem trabalhado com escultura, desenho, fotografia, instalações e arquiteturas portáteis. Mais recentemente tem operado em um contexto híbrido entre arte, design e arquitetura, construindo pequenas arquiteturas/mobiliários para o espaço urbano. A paixão e a habilidade no trato da madeira é herança do pai, proprietário de uma marcenaria na qual, ainda criança, produzia seus próprios brinquedos e maquetes de pequenas cidades em papelão. Doutor em Artes pela ECA/USP é, também, professor de desenho e escultura na Universidade Federal de Pelotas/RS. Para o professor e curador Tadeu Chiarelli, Daniel Acosta pertence a uma geração de artistas que vem “redefinindo os conceitos de pintura e escultura e com isso expandindo o campo para a instauração da arte contemporânea no Brasil”, ou como declarou o critico José Roca: “(...) o trabalho de Daniel Acosta questiona a proverbial inutilidade da arte. As suas esculturas/recintos/móveis convidam o espectador a um exercício ativo de participação, interação e diálogo”.
Sobre Daniel Acosta
Daniel Albernaz Acosta é um artista nascido no Rio Grande em 1965, que começou a trabalhar com madeira e outros materiais na marcenaria de seu pai, inicialmente produzindo brinquedos e maquetes de cidades em papelão. Ele completou o segundo grau com formação em arquitetura, mas sua principal influência nessa época vinha de quadrinhos, cinema, televisão, música e arte. Em 1987, ele se formou em Escultura pela Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Entre 1990 e 1993, participou de workshops com artistas renomados, como José Rezende, Artur Lescher, Ricardo Basbaum e Milton Machado. Em 1994, Daniel Albernaz Acosta se mudou para São Paulo para cursar seu mestrado em Arte na ECA/USP sob a orientação de Carmela Gross. Ele começou a colaborar com a Galeria Casa Triângulo em São Paulo, realizando várias exposições individuais e coletivas ao longo dos anos.
Seu trabalho foi premiado em salões de arte em várias cidades do Brasil, e ele também participou de exposições coletivas notáveis, como a Bienal de São Paulo e a Bienal do Mercosul. Além disso, ele trabalhou em projetos específicos para espaços públicos, como o Torreão em Porto Alegre e a Capela do Morumbi em São Paulo. Daniel Albernaz Acosta concluiu seu doutorado em Arte na ECA/USP em 2005, com uma tese focada na série de "Paisagens Portáteis". Desde então, ele continuou a criar esculturas e mobiliário específicos para espaços urbanos e galerias de arte em todo o Brasil e até no exterior. Seu trabalho é caracterizado por uma abordagem única à escultura e ao mobiliário, muitas vezes combinando elementos arquitetônicos e artísticos. Ele lançou seu segundo livro em 2018, abrangendo 30 anos de sua produção artística. Ao longo dos anos, Daniel Acosta participou de várias exposições coletivas em galerias e museus no Brasil, demonstrando seu impacto contínuo no cenário da arte contemporânea.
Sobre a Ocre Galeria
A Ocre galeria de arte é localizada no Centro Histórico de Porto Alegre, próxima à Casa de Cultura Mario Quintana, ao Margs e à Usina do Gasômetro. É administrada pelos artistas Felix Bressan e Nelson Wilbert em sociedade com Mara Prates. A Ocre foi inaugurada em maio de 2022 com as exposições dos artistas Mariana Rotter e Rommulo Vieira Conceição. Na sequência, realizaram exposições na galeria os artistas Patricio Farías, Thais Ueda, Luiz Felkl, Bea Balen Susin, Lenir de Miranda, Alfredo Nicolaiewsky, Nara Amelia, além de três coletivas, dois módulos apresentando os artistas da galeria e outra de desenhos das artistas Amelia Brandelli, Olívia Girardello, Mariana Riera, Claudia Hamerski e Marta Penter com a curadoria de André Severo. A galeria tem buscado preservar a história, difundir a cultura e apoiar a produção de novos artistas, disponibilizando um amplo acervo de artistas representados e um acervo online com obras selecionadas.
Redes Sociais:
https://www.instagram.com/ocregaleria/
SERVIÇO:
O Quê: Embutidos, Permeáveis, Topológicos, Rotores. Exposição de Daniel Acosta
Onde: Ocre Galeria | Rua Demétrio Ribeiro, 535, Centro Histórico de Porto Alegre-RS.
Quando: Visitação de 23 de outubro a 25 de novembro de 2023, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 13h30min.
Dia 9 de novembro, quinta-feira, às 18h, ocorre a Conversa com o Artista, tendo a mediação da pesquisadora e crítica de arte Gabriela Motta.
Quanto: Entrada franca.
Recomendação etária: Livre.
Fonte: Silvia Abreu – Consultoria Integrada de Marketing