A mostra Passantes, de Bea Balen Susin, traz um recorte da obra da artista
focada em figuras de pessoas que passaram por Bea em diversas ocasiões.
Com curadoria de Giselle Padoin, a exposição será inaugurada na próxima
quarta-feira (08), das 18h às 20h30min, na Habitart (Rua Cel. Armando Assis,
286), no bairro Três Figueiras, em Porto Alegre.
A visitação gratuita é de quarta-feira a sábado, mediante agendamento pelo
WhatsApp (51) 98189-9181.
No dia 11 de março, às 17h, no mesmo local, haverá uma conversa com a
artista e a curadora sobre o processo de criação e a história das obras e o
trabalho de curadoria.
SERVIÇO:
Exposição: Passantes
Abertura: 08 de março de 2023, das 18h00 às 20h30
Visitação: De quarta-feira a sábado, via agendamento pelo WhatsApp (51)981899181
Endereço: R. Coronel Armando Assis, 286 – Três Figueiras, Porto Alegre/RS
Fonte Mari Bittencourt
Fotos: Divulgação Habitart
Passantes de Bea Balen Susin |Por Giselle Padoin*
A pincelada expressionista da artista Bea Balen Susin, que possui uma
trajetória de mais de 50 anos, traz em seu âmago temáticas como a
natureza, o urbano e o humano, sendo esta última a abordagem do recorte
apresentado na exposição de março na Habitart.
O humano sempre esteve na essência da pintora que diz: “cada pessoa tem
a sua cor”. As cores intensas das telas revelam pessoas que “passam”,
“flanam” diante da artista, especialmente em momentos de caminhadas
pelas ruas da cidade e no Brique da Redenção - palco de personagens
diversos e acontecimentos socioculturais e políticos da Porto Alegre
contemporânea. Segundo a artista, ao observar “os passantes”, com um
olhar minucioso, ela identifica, através dos rostos, vestimentas e atitudes, o
retrato da cidade. Os traços destes seres anônimos e reveladores ficam na
sua memória e são transpostos no ato de criar e pintar. Nas figuras humanas
de Bea, percebe-se uma paleta vibrante de cores matissianas. O traço forte
iguala-se ao figurativismo de pós-impressionistas como Paul Gauguin (1848-
1903) e Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938); e a potência e expressão densa dos personagens representados, ao de retratos que permeiam a obra de
Iberê Camargo (1914-1994).
Passante – diz-se de ou pessoa que passa; transeunte. O universo dos
“passantes” habita o imaginário de muitos artistas, poetas e escritores.
Aprofundar-se na obra de Bea é também se transportar para a “Avenida
Niévski”, 1836, de Nikolai Gogól (1809-1852), que descreveu a modernidade
russa através dos passantes naquela avenida; ou ainda “O Pintor da Vida
Moderna”, 1863, do poeta Charles Baudelaire (1821-1867) que a partir das
pinturas de Constantin Guys (1802-1892) também evocou a moda e os
costumes da época. Ou ao soneto “A Uma Passante” - em “As Flores do Mal”,
1857, de Baudelaire, que deu origem à palavra “flâneur”, substantivo
francês: caminhante, andarilho. O “flâneur”, segundo Baudelaire anda pelas
ruas labirínticas do espaço urbano, fazendo parte das atrações e de seus
prazeres assustadores, mas com um distanciamento e como um
contemplador. Nas telas de Bea, ela também se torna uma “flâneuse”: a
observadora, a desbravadora, que admira com a sua visão sensível e capta
o efêmero; imagina e pinta a vida dos que passam por ela; “os cavalheiros
caminhantes das ruas”.
*Giselle Padoin é curadora e historiadora de moda e arte.