Companhia de Ópera do RS estreia montagem formada só por mulheres no Theatro São Pedro

  • Cultura
  • 13/02/2023 - 16:17
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Suor Angelica, do compositor italiano Giacomo Puccini, que ocorre nos dias 11 e 12 de março, tem direção musical da pianista e soprano Eiko Senda e direção cênica de Camila Bauer

Nos dias 11 e 12 de março, a Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS) abre sua temporada com Suor Angelica, ópera em um ato do compositor italiano Giacomo Puccini (1858–1924). As apresentações ocorrem no Theatro São Pedro, no sábado às 20h e no domingo às 18h. Os ingressos custam entre R$ 15 a R$ 90, e podem ser adquiridos no site do teatro.

Com direção musical da pianista e soprano Eiko Senda, uma das co-fundadoras da CORS, e direção cênica de Camila Bauer, a montagem conta com trinta mulheres que protagonizam a produção dentro e fora do palco. No elenco estão Rosimari Oliveira e Yasmini Vargaz (Suor Angelica), Angela Diel e Cristine Bello Guse (La Zia Principessa), Carol Braga (La Suora Zelatrice), Camila Umpiérrez (La Maestra delle Novizie), Elisa Lopes (Suor Genovieffa), Dêizi Nascimento e Kauanny Klein (La Suora Infermiera), Gabriela Nunes (Le Cercatrice), Júlia Bennemann (La Badessa), Fiama Devitte (Suor Osmina), Eliana Pires (Le Novizie), Cecilia Salatti, nome artístico de Eduarda Peixoto (Suor Dolcina e Suora Scherzosa) e Gaia Schenini (Le Converse). Todas as cantoras, exceto Suor Angelica, integram o coro presente na ópera, cantada em italiano com transcrição de legendas em português durante toda a apresentação.

“Pela primeira vez, o Rio Grande do Sul tem uma companhia de ópera formada por artistas, que decidem criar um espaço de arte, mercado e trabalho em um terreno ainda masculino. Um projeto que descentraliza o poder, trazendo a mulher ao protagonismo em uma estrutura de produção e de criação. Suor Angelica estreia em um momento muito forte de empoderamento da mulher, com uma ficha técnica formada por mulheres”, destaca Camila.

Suor Angelica, ou Irmã Angélica, em português, pertence, junto com Il Tabarro e Gianni Schicchi, ao Il Trittico, três breves obras da última fase da vida do compositor. O tríptico teve sua estreia em 14 de dezembro de 1918, no Metropolitan Opera House, de Nova York.

A ópera, inicialmente, foi a que menos se tornou conhecida e ficou fora dos palcos por anos. Porém, recentemente, foi redescoberta e passou a integrar o repertório de companhias de ópera por todo o mundo. Uma particularidade nesta obra é o fato de que ela conta apenas com vozes solistas femininas.

Os sopranos, em geral, parecem gostar muito do papel de Suor Angelica desde que Geraldine Farrar o encarnou na récita de estreia. Entre as cantoras que se destacaram como a sofrida freira estão Cristina Gallardo-Domâs, Ilona Tokody, Joan Sutherland, Katia Ricciarelli, Lucia Popp, Mirella Freni, Renata Scotto, Renata Tebaldi e Victoria de los Angeles. Em sua autobiografia, Beverly Sills confessa que o desgaste provocado pela enorme carga emocional da personagem fez com que a riscasse do seu repertório.


A ópera, que se passa na Toscana no século 17, conta a tragédia de Angelica que, após ter um filho fora do casamento, foi abandonada pela família em um convento para expiar a culpa de ter conspurcado a honra da família. Quando fica sabendo da morte de seu filho, que lhe fora retirado logo após o nascimento e de quem nunca mais tivera notícia, toma veneno para dar fim à vida. O drama atinge o clímax na agonia antes da morte, no arrependimento e na culpa de seu pecado.

“A montagem de uma fábula escrita no século 17 tem uma mistura de simbolismo e contemporaneidade – lirismo, humor em vários momentos e dramaticidade –, mostra o quanto o enclausuramento e a tentativa de culpabilizar a mulher permeia séculos e ainda é tão atual”, diz Camila Bauer.

Bate-papo e exposição
No dia da estreia (11), às 18h, o CORS recebe Ligiana Costa, cantora, compositora, musicóloga e dramaturgista junto ao Festival Amazonas de Ópera e do Theatro Municipal de São Paulo, onde também dirige e apresenta podcasts e conteúdos dedicados à música, ópera e produção cultural. O bate-papo com a vencedora do Prêmio Profissionais da Música 2021, como melhor apresentadora do podcast Parlatemi di Lei: Conversas sobre nossas irmãs, acontece no Foyer Nobre e terá o protagonismo da mulher, de criatura a criadora, na ópera.

Ao final do espetáculo, será oferecido um coquetel ao público que participar da programação, que será coroada pela exposição fotográfica Olhares sobre nossas irmãs, uma reunião de fotografias de Fernanda Chemale, Adriana Marchiori, Vitória Proença e Clara Albuquerque, entre outras fotógrafas gaúchas. A exposição está sendo preparada a partir do olhar das artistas sobre o processo de montagem de Suor Angelica, de seus ensaios e encontros entre as trinta mulheres envolvidas na produção. A exposição permanece aberta à visitação até o dia 19 de março, na Sala de Exposições do Theatro São Pedro. Mais informações sobre as artistas envolvidas nas programações serão reveladas ao longo do mês de fevereiro.

SOBRE A COMPANHIA DE ÓPERA DO RS
Primeira cooperativa de artistas criada para liderar e fomentar ações de promoção e difusão da cultura operística no Estado, a Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul lançou-se ao público, de forma independente, em maio de 2022, com a promessa de integrar profissionais da cadeia, abrir espaço para novos talentos e ampliar o acesso do público a essa poderosa e completa forma de arte.


Ainda alinhada ao propósito de aproximar e formar o público, o grupo programou suas primeiras montagens para serem apresentadas em pequenos formatos, inicialmente acompanhados apenas por um pianista e cenários pontuais e evocativos, para que as turnês sejam viabilizadas e possam chegar ao interior do Estado. Com o tempo e através da adesão de novos membros, pretende-se consolidar uma cadeia produtiva ativa que ofereça temporadas regulares e itinerantes no estado, sendo autosuficiente em recursos, tanto financeiros quanto humanos. Para tal, serão criados núcleos de formação, com oferta de concertos didáticos, cursos e palestras que ampliem o acesso à informação sobre o gênero e estimulem a profissionalização de novos talentos, bem como a geração de empregos para todos os profissionais envolvidos na produção de um espetáculo. Com menos de um ano de existência, a Cia Ópera RS já entregou ao público gaúcho quatro montagens inéditas apresentadas em cinco teatros diferentes. Em 2023, além de circular pelo Estado com suas atuais produções, a CORS estreará três novas montagens.


FICHA TÉCNICA
Direção musical e piano: Eiko Senda
Direção cênica: Camila Bauer
Assistente de Direção: Júlia Bennemann


Elenco
Suor Angelica: Rosimari Oliveira e Yasmini Vargaz
La Zia Principessa: Angela Diel e Cristine Bello Guse
La Zelatrice: Carolina Rodrigues Braga
La Maestra delle Novizie: Camila Umpiérrez
Suor Genovieffa: Elisa Lopes
La Suora Infermiera: Dêizi Nascimento e Kauanny Klein
La Cercatrice: Gabriela Nunes
La Badessa: Júlia Bennemann
Suor Osmina: Gaia Schenini e Fiama Castilho
La Novizia: Eliana dos Santos
Suor Dolcina e Suora Scherzosa: Cecilia Salatti (Eduarda Peixoto)
Le Converse: Gaia Schenini
Correpetidora: Karin Engel


Direção de produção: Angela Diel e Isadora Aquini
Assistência de Direção/Produção: Júlia Bennemann
Produção executiva: Lu Bitello
Coreografia: Carlota Albuquerque
Cenografia: Valéria Verba
Cenotécnica: Rodrigo Shalako
Figurino: Liane Venturella
Iluminação: Cláudia de Bem
SERVIÇO
Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul apresenta:
Suor Angelica, de Giacomo Puccini
Quando: 11 e 12 de março | Sábado e domingo
Onde: Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n – Centro Histórico)
Horários: Sábado às 20h e domingo às 18h
Ingressos: R$ 15 (meia-entrada) a R$ 90 (inteira)
Plateia e Cadeira extra: R$ 90 | Camarote central: R$ 80 | Camarote lateral: R$ 60 | Galeria: R$ 30,00
Ingressos antecipados no site do Theatro São Pedro: https://teatrosaopedro.rs.gov.br/suor-angelica


Divulgaçnao: Roberta Amaral
Foto: Fernanda Chemale