GALERIA DE ARTE MAMUTE INAUGURA EXPOSIÇÃO COM OBRAS INÉDITAS DA ARTISTA REPRESENTADA CAMILA ELIS, NO PROGRAMA DA BIENAL DO MERCOSUL 2022, PORTAS PARA A ARTE.

  • Cultura
  • 07/11/2022 - 19:01
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A Galeria de Arte Mamute, Porto Alegre, inaugura a exposição “Fulgor na Noite”, dia 10 de novembro de
2022, 19h, apresentando obras inéditas em pintura sobre tela, da artista representada Camila Elis.

“Fulgor na noite” integra o circuito da Bienal de Arte do Mercosul/2022, no projeto Portas para a Arte, e
conta com a assinatura de curadoria do prestigiado curador e crítico de arte paulista Mario Gioia.
A segunda individual da artista gaúcha na Galeria Mamute parte do título de uma crítica de Ferreira
Gullar (1930-2006) sobre Oswaldo Goeldi (1895-1961) para apresentar um conjunto de pinturas e
desenhos recentes. Trabalhando para além do lidar com duos como abstração/figuração,
leveza/densidade, permanência/impermanência, Elis cria com persistência na linguagem pictórica
um corpus de obra bastante livre, permeado por elementos de fazer processuais e relações
não planejadas, contudo também decorrentes do labor contínuo e experimental por tal meio. Já a parte
mais gráfica da mostra se detém em nova série, Desenhos Moles (Cítricos), em que há a articulação de
signos desse suporte a serviço de sensações, emoções e sentidos.
Texto curatorial – por Mario Gioia
Em paredes, pisos, vazios, enquadramentos, extracampos, curvaturas, superfícies, traços, texturas e
proposições de Fulgor na noite, segunda individual de Camila Elis na Galeria de Arte Mamute, diversos
eixos poéticos se coadunam num corpus de obra provocativo e inquieto. Numa investigação que não
cessa, ela não se esquiva de embates próprios do fazer diário de ateliê e, ao mesmo tempo, passeia por
fantasmagorias e temporalidades, se aproxima dos âmbitos da cosmologia e do fenomenológico,
forjando uma bem amalgamada reunião de conceito e matéria a explorar o campo ampliado e
contemporâneo da pintura.

“O meu trabalho poético gira em torno das tensões entre corpo, imagem e fantasia. Acredito que, como
me utilizo de signos abstratos para tanto, essas relações se dão de maneira rápida e direta. Quero dizer,
quando alguém encontra um trabalho meu (e agora descrevo em função de relatos) vê, sente, traduz e
simboliza em pouco tempo. Isso se dá por conta do meu interesse maior em sensações físicas, táteis.
Utilizo, além dos sonhos, de temas fundamentados em romances e mitologia grega para produzir coisas
muito simples, mas muito diretas no espaço”1, sintetiza a artista acerca do recorte apresentado neste
final de 2022.

Fulgor na noite é formada apenas por pinturas, um dado importante na trajetória da artista gaúcha, que
desenvolve uma faceta gráfica na produção bem relevante. O conjunto de 14 Sleeping pills, telas em
escala mais reduzida - a maioria, seis, de 50 cm x 50 cm -, vem acrescido de cinco recentes peças de
maior tamanho. Parte fulcral da exibição de agora se fundamenta em Veladuras, inspirada dissertação
de mestrado da artista para a ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo).
Nas conversas com Camila, por e-mail, o título da mostra foi sugerido pelo autor por conta da leitura
havia pouco de Relâmpagos, coletânea de críticas de Ferreira Gullar (1930-2016). Nela, Goeldi: Fulgor na
noite, lançava conexões não tão óbvias do texto sobre o grande mestre do expressionismo e da
xilogravura no Brasil e o recorte atualíssimo da artista emergente. “A cor que costuma ser festa, alegria,
seria uma ameaça à voz dramática (de contrabaixo) das gravuras de Goeldi. Mas ele, com mão de
mestre, doma-a, dá-lhe raiz em sua linguagem noturna e a faz ali brotar poderosa e verdadeira”2,
escreve Gullar. Na edição, Céu vermelho (1950) ilustra o texto sobre Goeldi (1895-1961).
Na discreta série das 14 pinturas de Camila, há pulsões nada olvidáveis de cor em meio ao negror.
Surgem laranjas e avermelhados robustos e assertivos, porém não explosivos. São como existências que
não querem sucumbir e que lançam um brilho vital, que não é parco, e, no entanto, não é ostensivo.
Quase que como resistências em um ambiente que pode não ser favorável. Resiliências que se revelam
pouco a pouco estratégias essenciais para tal matéria.
“O processo de elaboração destes trabalhos é trazer a temática da materialidade, conferindo a cada
uma qualidades específicas. Porque, sempre a partir da mancha, começava a pensar as formas com a
cor, criando luz dentro da escuridão. São todas fragmentos de movimentos, de sensações, de coisas com
dimensões internas e oníricas, inventariadas na memória”3, relata a artista sobre o conjunto em sua
dissertação. “Para além de serem exercícios de cor e de luz, tornam-se exercícios de fantasia. 14
Sleeping pills concernem o sono, o sonho também.”4 Camila também conta a influência da vista ao vivo
da obra-prima A morte de Sardanapalo (1844), de Delacroix (1798-1863), e é evidente na tela do
romântico o duo desfoque/vibração, habilmente lidado hoje por ela - é bom frisar que, para Camila,
viver e estudar em 2016 no Reino Unido pôde gerar repertório importante em sua formação. Também
deve se comentar que Da alma, e as coisas suspensas, individual da artista no mesmo espaço, em 2019,
tinha lastro em mitologia grega e na Renascença, a partir da história de Psiquê e Eros retratada nos
afrescos de Rafael realizados na Villa Farnesina, em Roma, nos anos de 1517-18.

Já a configuração dos trabalhos mais atuais apresentados em Fulgor na noite poderia ganhar o título de
Pinturas moles pela autora. Formalmente se ligam a quadros já vistos em momentos anteriores
expositivos dela. Reflexo da aurora e O úmido medem 150 cm x 140 cm. Calor lunar e O macio são de
137 cm x 150 cm. E 4 horas da madrugada tem 95 cm x 80 cm. Exceto o último, são óleo e carvão
mineral sobre linho (Em 4 horas…, não é utilizado carvão). Nos três citados inicialmente, há destacada
presença daquele laranja-avermelhado citado. Ao lado de O macio, que se mostra já no próprio título,
podem ser encarados como peças solares, otimistas. “Mole é uma matéria que tem corpo e por isso
pesa”5, salienta Camila sobre as novas telas.

Assim, a artista acredita que conseguiu ir em direção de uma mais nítida divisão entre desenho e
pintura, além de articular mais uma poética da encenação e do drama junto de explorações sobre corpo,
matéria e olhar. Nessa perspectiva entre, híbrida e multifacetada, tal pictórico mais flexível e permeável
pode ficar perto de visadas e investigações tão nacionais como a levantada pelo neoconcretismo, da
série Obra mole, de Lygia Clark (1920-1988), dos anos 1960 iniciais, por exemplo. Ou seja, essa
fragilização da racionalidade do concreto, esse tipo de geometria sensível, brilhantemente desenvolvida
por grandes nomes da arte brasileira, provoca ecos não literais sobre pensamentos e práticas dos
artistas do agora, que são atravessados e contaminados por contextos atuais críticos.
No caso de Camila, o isolamento deflagrado pela pandemia, a virtualidade das relações humanas, a
superficialidade, o esvaziamento e o franco combate ao debate público mais racional, entre variadas
chagas novíssimas, disparam procedimentos e situações outros na produção, mesmo que ainda difíceis
de se determinar com exatidão. “Sempre utilizei memória para pintar e desenhar, mesmo antes da
pandemia. A diferença é que, durante este período, a memória crescentemente parecia ser o que nos
restava”6, conta a artista.

E é gratificante perceber no conjunto de Fulgor na noite exemplos plástico-visuais que fogem de uma
interpretação linear, estanque e lógica. 4 horas da madrugada abriga algo do matérico palpável em 14
Sleeping pills, se vale do basilar óleo sobre linho e é um objeto que não tem óbvia leitura. Distancia-se e,
num mesmo golpe, pode coexistir com as Pinturas moles do mesmo período. Atesta a liberdade
persistente da práxis de Camila Elis, que consegue ler Cy Twombly, Luc Tuymans, Daria Martin, Merleau-
Ponty e uma certa melancolia da pintura do Sul, em tempos que incensam solipsismos vazios e
encenações cotidianas desprovidas de razão. Não é pouco.

Mario Gioia
Curador e crítico de arte
novembro de 2022

SERVIÇO:
EXPOSIÇÃO: Fulgor na Noite
ARTISTA: Camila Elis
CURADORIA: Mario Gioia
ABERTURA: 10 de novembro de 2022, (quinta), das 19h às 21h, com livre acesso ao público.
VISITAÇÃO até 30 de dezembro de 2022
LOCAL: Galeria de Arte Mamute. Rua Caldas Júnior, 375. Centro Histórico. Porto Alegre.
INFORMAÇÕES: contato@galeriamamute.com.br
FONES: 51 99916.8818 // 51 99935.5852

Sobre a artista Camila Elis
Camila Elis é Artista Visual e vive e trabalha entre Porto Alegre e São Paulo. Nascida em Dois Irmãos no
ano de 1995, é Mestranda em Poéticas Visuais na Escola de Comunicação e artes da Universidade de
São Paulo (ECA/USP), orientada pelo Professor Doutor Marco Giannotti. É bacharel em Artes Visuais
pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no ano de 2019 e ainda prestou
um semestre na University of the Arts London Central Saint Martins, com enfoque em pintura no ano de
2016. A artista participou de exposições coletivas e individuais no campo artístico local.
A sua prática artística está ligada a ideia de questionar como somos capazes de ficcionalizar as coisas
que nos acontecem e que percebemos. Também da nossa capacidade de projetar por sobre essas coisas
novos significados particulares e diretamente relacionados com o que somos, ou com o que estamos
vivendo e sendo em momentos (tempos) específicos. De pensar em espaços, lugares entre o vivido, o
corpo, e os ecos e distorções desses através da elaboração de imagens em superfícies utilizando o
desenho e a pintura como mídia principal.
Em 2019 realizou a pesquisa As coisas suspensas com sua primeira exposição individual na Galeria
Mamute com curadoria de Bruna Fetter. No mesmo ano participou da Residência artística Linha em
Porto alegre onde expôs a pesquisa Filhas do Atrito em sua segunda exposição individual. No ano de
2021 dedicou se a sua vida acadêmica, projeto que se desenvolve atualmente.

Sobre o curador Mario Gioia
Mario Gioia, São Paulo, 1974, é Curador independente e crítico de arte. É graduado pela ECA-USP
(Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). Foi crítico convidado de 2013 a 2015
do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do
grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria de Ter Lugar para
Ser, coletiva com 12 artistas sobre as relações entre arquitetura e artes visuais. Integrou o
grupo de críticos do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Luz
Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela
Seixas. Em 2019, iniciou o projeto Perímetros no Adelina Instituto, em SP, dedicado a artistas ainda sem
mostras individuais na cidade, que contou com exposições de João Trevisan (DF), Lara Viana (BA),
Claudia Hamerski (RS), Dirnei Prates (RS) e Larissa Camnev (Campinas, SP). Em 2016, a mostra Topofilias,
com sua curadoria, no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, foi contemplada
com o 10º Prêmio Açorianos, categoria desenho. Na feira ArtLima 2017 (Peru), assinou a curadoria da
seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur, e fez o texto crítico de Territórios forjados (Sketch Galería,
2016), em Bogotá (Colômbia). Em 2018, assinou a seção curatorial dedicada ao Brasil na feira Pinta
(Miami, EUA), e é responsável pela participação brasileira na Pinta Miami 2022. É colaborador de
periódicos de artes como Arte al Día.

Sobre a Galeria Mamute
Criada em 2012 por Niura Borges, a Galeria de Arte Mamute atua no desenvolvimento e na expansão da
arte contemporânea brasileira, representando nomes consolidados e também revelando jovens artistas
com carreiras em ascensão, valorizando formações e trajetórias sólidas, garantindo credibilidade e
confiança nas aquisições.

Com um amplo acervo, oferece obras produzidas sob diversas técnicas: pintura, desenho, gravura,
escultura, fotografia, instalação e novas mídias, representando com exclusividade os artistas: Alexandre
Freire, Andressa Cantergiani, Anna Moraes, Antônio Augusto Bueno, Bruno Borne, Camila Elis, Claudia
Hamerski, Clóvis Martins Costa, David Magila, Edson Macalini, Emanuel Monteiro, Hélio Fervenza, Ío,
Karen Axelrud, Letícia Lampert, Marília Bianchini, Pablo Ferretti, Sandra Rey, Sandro Ka e Wagner Costa.
Os artistas representados pela galeria integram importantes coleções nacionais e internacionais como
MAC-USP, Pinacoteca de São Paulo, MACRS, MARGS, Fundação Vera Chaves Barcellos, entre outras, e
participam de eventos notórios como as Bienais de Veneza, Bienais de São Paulo e Bienal do Mercosul.
A galeria já realizou em seu espaço mais de 50 exposições individuais e coletivas, e por seu compromisso
com a linguagem das Artes Visuais, promove propostas teórico-prático-reflexivas, como debates com
artistas, pesquisadores, curadores, colecionadores, e atividades como palestras, cursos, residências
artísticas, lançamento de publicações, e defesas de mestrado e doutorado nas Artes Visuais.
Reconhecida pela sua atuação como galeria de arte e promotora de conhecimento, tem recebido
prêmios como melhor espaço institucional, melhor exposição e mídias tecnológicas, no mais importante
prêmio de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, o Prêmio Açorianos, e prêmios Funarte de Artes Visuais,
entre outros.
É membro da ABACT - Associação Brasileira de Arte Contemporânea, e do LATITUDE - Platform for
Brazilian Art Galleries Abroad, e participa regularmente de importantes Feiras de Arte Nacionais e
Internacionais, como SP-Arte, ArtRio, SP-Arte Foto, Feira Parte(SP), Feira Pinta(Miami), BAPhoto (Buenos
Aires), Latitude Art Fair (Nova York) e Not Cancelled (Viena) Localizada em Porto Alegre e Florianópolis,
oferece atendimento virtual personalizado: um processo de assessoria e comercialização adaptado à
velocidade da Internet.
A Galeria responde às necessidades específicas de seu cliente atuando durante todo o processo de
aquisição, desde a escolha de uma obra de arte até o processo de entrega. Isso garante a certeza de
investimentos que somam qualidade artística e valor de mercado.

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Contatos: (51) 99916.8818 // (48) 3733.5663
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Porto Alegre - Rua Caldas Júnior, 375. Centro Histórico.

Divulgação: Gal. Mamute
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