Maria Fernanda de Lima Santin¹
Em 2019, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul doou um espaço de aproximadamente 3.000m² para ser a sede do MACRS, localizado à Rua Comendador Azevedo, 256, no 4º Distrito de Porto Alegre. Um projeto arquitetônico de revitalização do espaço foi contratado e contemplado com R$ 3 milhões pelo Governo do Estado. Neste momento, estamos aguardando o término das questões burocráticas para se iniciar o processo de licitação. Tão logo as obras se iniciem, a previsão é de inauguração deste novo espaço em seis meses.
Entendemos que ter o MACRS localizado no 4º Distrito nos traz uma grande responsabilidade que vai além da disseminação da arte contemporânea e das atividades educativas atreladas a isso. Neste ambiente, nossa responsabilidade também toca questões sociais, uma vez que estaremos inseridos em uma comunidade carente, que possui um grande número de pessoas que tem a reciclagem como atividade econômica principal. Estão incluídos neste sistema, a coleta e separação do lixo, as cooperativas de reciclagem e outras atividades correlacionadas, que possuem, em sua grande maioria, baixa agregação de valor.
Foi neste contexto e acreditando no poder da arte em elevar a auto estima e gerar renda para uma população às margens do sistema capitalista tradicional, que a Associação de Amigos do MACRS desenvolveu o projeto: DO LIXO À ARTE: CIDADANIA E AUMENTO DE RENDA, que foi inscrito e selecionado pelo FAC VISUAL.
O projeto foi pensado para ser uma primeira aproximação do MACRS com a comunidade de recicladores da região, através de um projeto educativo, com atividades de formação, capacitação e estímulo ao empreendedorismo a partir da utilização de materiais recicláveis.
Após as oficinas de capacitação, vamos desenvolver uma linha de produtos a partir dos materiais reciclados que será produzida pelos integrantes da comunidade e comercializada na futura loja do MACRS 4D, tendo parte da renda revertida para projetos sociais da região. Queremos demonstrar que existem formas de agregar valor às matérias coletadas e recicladas por eles próprios e que isso pode ser uma alternativa de geração de renda.
Estamos considerando essa iniciativa como o primeiro ‘ensaio’ e também estamos trabalhando para termos momentos de escuta da equipe do MACRS com a comunidade. Precisamos entender que tipo de iniciativa é relevante para de fato, gerarmos frutos naquela região. Existem muitas realidades, tantas destintas das nossas e que não conseguimos compreender em sua totalidade sem essa aproximação.
Nesses momentos de aprendizados, de rodas de conversas, esperamos identificar as necessidades que embasarão o programa educativo do MACRS, que terá um viés profissionalizante importante e que será colocado em prática a partir da inauguração do Museu.
Com esse direcionamento, queremos fomentar o interesse dos jovens da comunidade para as atividades profissionalizantes que fazem parte da cadeia das artes visuais, tais como atuarem como mediadores, assistentes nas ações educativas, montadores de exposições, dentre tantas outras possibilidades. E no escopo do projeto atual, trazer para a prática, formas de geração de renda a partir da produção de itens com resíduos reciclados e que possuam um maior valor agregado e uma fonte adicional de renda, sempre tendo em mente que a arte é uma ferramenta para essa transformação social.
1) Economista, mestre em Desenvolvimento Econômico, MBA em Finanças e Gestão de Negócios. Presidente da Associação dos Amigos do Museu de Arte Contemporâneo do RS
Divulgação: MACRS
Fotos: Divugação