SEU NOTEBOOK PODE CAUSAR INFERTILIDADE

  • Saúde
  • 19/01/2022 - 10:47
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A afirmação pode parecer curiosa, mas é uma realidade que, muitas vezes, passa despercebida. Especialmente após a irrupção da COVID-19 quando, de uma hora para outra, milhões de pessoas passaram a trabalhar de casa — no Brasil, foram 8,2 milhões de trabalhadores nessa situação, de maio a novembro de 2020. Destes, 43,9% eram homens, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

E uma das cenas rotineiras dessa realidade é carregar o notebook no colo, às vezes por longas horas. O equipamento gera calor e faz com que a temperatura dentro da bolsa escrotal aumente — o índice recomendado dentro dos testículos para a produção dos espermatozoides é de, no mínimo, dois graus abaixo da temperatura corporal. Esse aquecimento excessivo impacta na quantidade e qualidade dos gametas, trazendo inclusive danos no DNA destes.

Como resultado, as chances de fertilidade diminuem. Para evitar esses prejuízos, o recomendado é que os homens se levantem e se exercitem, não ficando tantas horas numa mesma posição. Deve-se, também, organizar um local de trabalho adequado em que os dispositivos que geram calor fiquem sobre uma mesa ou escrivaninha.

Saunas e banheiras superaquecidas também podem prejudicá-los. Profissões e atividades que expõem os homens a esse aquecimento da bolsa escrotal têm o mesmo risco, a exemplo de ciclistas, motoristas e pilotos de aeronave. Igualmente, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem levar à infecção dos testículos. Para tanto, os homens devem fazer exames periódicos e reavaliar fatores de risco para sua fertilidade, assim como as mulheres, que se consultam rotineiramente com o ginecologista.

Cada vez mais, o atendimento preventivo começa a integrar a linha de cuidados dos pacientes masculinos, principalmente quanto à paternidade e otimização da fertilidade. No Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento, cerca de 40% dos casais que procuram o serviço encontram algum fator associado relacionado ao homem, durante a investigação das causas de infertilidade. Por muito tempo, esses problemas eram atribuídos basicamente à mulher, dispensando-se exames como espermograma.

Hoje, 40% das causas de infertilidade estão relacionadas ao fator masculino, 40% ao feminino (como fator tubário e endometriose) e 20% estão ligadas a problemas hormonais ou, até mesmo, um mix que une ambos os gêneros. Portanto, quando usar seu notebook, lembre-se de que ele também pode impactar sua saúde reprodutiva. Ao fazer essa reflexão, reveja outros estilos de vida que podem ser alterados, em benefício de seu bem-estar e no desejo de constituir uma família.

Dra. Isabel de Almeida - Ginecologia e Obstetrícia - CRM 16091
Coordenadora do Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento

Fotos: Divulgação Hospital Moinhos de Vento