O amor pelas panelas foi passado de mãe para filha. A relação de Pretta Santos com a gastronomia começou muito antes dela se encantar pela magia que a mistura de temperos e ingredientes pode resultar. Segundo ela, foi ainda no ventre da mãe Ana Elci, que trabalhava como cozinheira no Plaza São Rafael para sustentar a família.
Dona Ana, como era chamada, era uma apaixonada pela arte culinária, o que ganhava evidência em qualquer prato que fazia. “Esse ‘fazer comida com sentimento’ ficou guardado no meu subconsciente por 23 anos”, afirma.
Para homenagear sua fonte de inspiração, Pretta Santos está lançando o projeto “Cozinha de Dona Ana”, com um menu composto por seis pratos bem caseiros que a mãe preparava quando ela era criança, mas com uma releitura autoral. “Esse cardápio é muito especial porque não é feito só de comida. É feito de memórias afetivas importantes, de uma história linda entre uma mãe e uma filha e sobre o que me trouxe até aqui”.
Até que entendesse que seu negócio era cozinhar, Pretta Santos se aventurou em várias profissões diferentes. Trabalhou no famoso salão Sem Rótulo, que fez história em Porto Alegre, administrou uma empresa familiar do ramo de ferramentas motorizadas, iniciou o curso Técnico de Enfermagem, fez três anos de Direito e ainda se arriscou como modelo fotográfico. “Me dava bem nas empresas por onde passei e fazia tudo com excelência. Mas faltava alguma coisa”, recorda.
Quando trancou a faculdade, se inscreveu no curso de Confeitaria e Panificação, do Senac, para aprender algo novo, mas sem compromisso. Nessa época, morava em Capão da Canoa e trabalhava como vendedora em uma empresa forte no Estado, ganhando um bom salário. “O curso me tocou de uma forma diferente. Terminei com a certeza de que precisava aperfeiçoar mais o aprendizado”.
A partir daí, passou a atender pequenas encomendas de doces, bolos e salgados. “Com o tempo, as pessoas começaram a gostar do que eu fazia e fui ficando conhecida. Os pedidos aumentaram e comecei a fazer festas de médio e grande porte. O prazer em cozinhar crescia junto com os novos pedidos. Em um ato de coragem, deixei a estabilidade do emprego fixo e resolvi que ia mudar de carreira. Sabia que, nesse ramo, para aprender o que eu queria, precisaria começar de baixo, mas isso não me desmotivou”.
Iniciou como saladista em um tradicional restaurante na praia. Sua dedicação lhe rendeu uma promoção para auxiliar de cozinha e, na sequência, Sous Chef. “Recebia e investia em novos conhecimentos. Fiz o curso de Cozinheiro no Egas e foi aí que a ficha caiu. Vi que a Gastronomia era um caminho sem volta para mim. Achei meu lugar ao sol, e ele era o mesmo que o da minha mãe, na frente das panelas”.
Pretta Santos começou a colocar em prática alguns projetos que sempre sonhou. Ingressou na faculdade de Gastronomia, na UniRitter e iniciou consultoria a restaurantes. “Sou chamada para avaliar a cozinha e ver o que precisa mudar, desde logística até cardápio. Testo novos pratos, faço contratações e deixo tudo alinhado para o dono”, explica.
Após vários anos, traz no currículo a passagem por lugares especiais, como o Rosario Resto Lounge e o Notting Hill, onde, a partir de intensas pesquisas sobre os hábitos da realeza, concebeu o famoso ‘Chá da Rainha’, na época, o primeiro da capital gaúcha. “A ideia foi tão boa que vários estabelecimentos em Porto Alegre lançaram depois o serviço do chá da tarde depois. Como diz aquele ditado, que é bom se copia”, fala com bom humor.
O sucesso foi tanto que o Notting Hill venceu o prêmio Sabores do Sul 2019, na categoria “Melhor Chá da Tarde”. “Isso foi possível porque pude contar com uma equipe extremamente qualificada e competente, que ajudou a implantar um novo hábito na cidade: o do bom chá da tarde com amigos”.
Hoje, a chef atua em várias áreas com a empresa “Pretta Santos Soluções Gourmet”. Além do recém lançado projeto “Cozinha de Dona Ana”, faz “Home Chef” para jantares e ceias, consultorias, desenvolveu um cardápio de comidinhas Fit e outro de congelados. “Também faço menu para eventos de todos os tipos, de casamento até corporativo, mas, neste momento, o setor está parado por causa da Covid-19”, informa.
Utilizando a tecnologia, atende os pedidos por WhatsApp e, a partir do dia 17, também pelo IFOOD. “Todo pequeno empresário, como eu, está tendo que se reinventar. Lancei novas linhas, fui atrás de parceiros para as entregas e tenho estudado muito. É necessário ser criativo e proativo na crise”, diz, e completa: “A gastronomia no Brasil é riquíssima. Temos excelentes chefes, além de temperos e ingredientes fantásticos para fazer comida boa. E isso ajuda muito. Eu procuro ver o lado positivo das coisas. Quando tudo isso passar, estaremos mais fortes”.
Divulgação: Insider 2
Foto:Michel Karoly