Colagem artística cria máscara igual ao rosto

  • Cultura
  • 25/05/2020 - 15:24
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Artista visual Graça Craidy busca “devolver a identidade das pessoas, para que todos não fiquem com a mesma cara, a cara da máscara”.

O uso de máscara facial como forma de proteção ao contágio pelo novo coronavírus é, entre os cuidados recomendados pela área da saúde, o que mais afeta a vida das pessoas. Necessária e em muitas situações sociais até obrigatória na nova realidade imposta pela pandemia, a máscara esconde parte do rosto de quem a usa e interfere na identificação física de cada um. Seu uso gera uma coletividade de iguais, transformando as ruas das cidades num típico grande salão de baile dos mascarados.

Inconformada com o aspecto estético e, sobretudo, além do físico, com os efeitos existenciais da questão, a artista visual Graça Craidy, crítica de qualquer forma de homogeinização e, como toda artista, antena do seu tempo, teve a ideia de “devolver a identidade das pessoas nestes tempos de pandemia em que todo mundo fica com a mesma cara, a cara da máscara”, diz ela. “É fundamental que as pessoas mantenham suas identidades claras, nítidas”, acrescenta.

Para isso, a artista pegou retratos já pintados ou desenhados por ela e, - utilizando-se de recursos da arte digital - recortou no computador em forma de máscara a parte do rosto que a peça encobre, do nariz até o queixo. Feito isso, colou digitalmente o recorte sobre uma foto do retratado, que passou a ter uma máscara à sua semelhança. “Esse trabalho pretende não apenas revelar, como desvendar o que está por trás da máscara. Desvendar aquilo que vem sempre num retrato que é pintado ou desenhado, que é a alma da pessoa”, diz ela.

Na primeira etapa do seu projeto, intitulado Minha Cara Máscara, imbuída do espírito do tempo que move a arte a registrar a História, Graça produziu 45 colagens, quase a totalidade delas envolvendo artistas visuais e figuras expressivas da cultura gaúcha, entre os quais Clara Pechansky, Fernando Baril, Zoravia Bettiol, Britto Velho, Regina Galbinski Teitelbaum, Maria Tomaselli, Erico Santos, Eduardo Vieira da Cunha, Patrícia Langlois, Paulo Amaral, Paulo Gasparotto, Zé Adão Barbosa, Francisco Marshall, Moisés Mendes, Eleone Prestes, Juremir Machado, Roger Lerina e Alfredo Fedrizzi.

A artista também incluiu nessa primeira etapa a curadora italiana Adelinda Alegretti, que assinou a exposição Guardami, Italia, montada ano passado por Graça na região da Perugia, sobre seus ancestrais italianos, e mais o publicitário e professor norte-americano Ron Travisano (Ronald Donato Travisano), ex-sócio de Jerry Della Femina, que inspirou a famosa série televisiva Mad Men. Ron acolheu Graça como aluna de Criatividade em Nova York, na School of Visual Arts, em 1983, quando ela ainda era publicitária, bem antes de se tornar artista visual.

Na segunda etapa do projeto, Graça Craidy vai atuar sobre trabalhos que fez retratando ícones internacionais das artes visuais, da música, da literatura, que inclusive já foram objeto de exposições realizadas por ela.

“A ideia, nesse momento, além de documentar a pandemia com arte, é dedicar aos amigos nesse trabalho todo o meu amor e todo o meu humor”, conclui a artista.

Contatos da artista Graça Craidy: whats 9 9996 3035 gcraidy@gmail.com

Divulgação: Carlos Souza
Fotos: Divulgação Graça Craidy