Empresa gaúcha lança grife de moda íntima seguindo o conceito slow fashion

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  • 19/12/2019 - 19:18
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Foi a elegância da alta costura dos anos 50 que inspirou este grupo de mulheres gaúchas a lançar a grife de moda íntima Astromélia Lingerie. As peças trazem o belo e delicado glamour dos bordados e dos trabalhos manuais formados a partir da mistura de rendas, tules, pérolas e pedrarias.

“Somos uma pequena equipe gaúcha apaixonada por bordados e trabalhos manuais que decidiu se unir para implementar uma nova tendência em lingeries super estilizadas, com um toque artesanal, seguindo o conceito slow fashion, baseado na produção desacelerada e no respeito ao tempo de quem faz”, afirma a empresária gaúcha Aline Molinos, à frente do projeto.

O ateliê fica em uma sala de sua casa, onde a produção se dá na confecção individual de cada peça, que leva cerca de 3 dias para ser finalizada. A proposta é seguir um conceito minimalista, os tons são neutros e a modelagem bem clássica. A coleção traz bodies, calcinhas e sutiãs feitos totalmente à mão. Camisolas e pijamas também estão no escopo da produção. Desde o desenho da peça até a escolha dos materiais, passando pela confecção até a entrega do produto: tudo é feito a mão, com delicadeza e muito romantismo.

“O romantismo, a fluidez e a preciosidade da renda francesa foram ponto de partida para as nossas inspirações. Seda pura, tecidos leves e com sutis transparências nos remetem a uma mulher moderna, extremamente sofisticada e de estilo clássico, a qual trabalha, é mãe, cuida do lar, mas acima de tudo não descuida de si e adora vestir-se bem”, completa Aline.

“ASTRO MÉLIA”: eu, uma Amélia, me tornando Astro da minha própria vida

Muitos poderiam se perguntar o porquê do nome. É hora de falar sobre o empreendedorismo e a superação de Aline Molinos, à frente da grife recém lançada. Formada em Comércio Internacional e Ciências Contábeis, é especialista em Direito Tributário, Finanças Internacionais, Direito Previdenciário. Em 2010, quando decidiu se casar, por um pedido especial da sua mãe, contratou um decorador e uma cerimonialista. Porém, exigente que era, fez cursos de decoração, entre eles o de Design de Eventos em Paris. A experiência foi tão prazerosa que Aline resolveu deixar o mundo das exatas para mergulhar nas celebrações sociais. Fez clientela e nome com formaturas, até que descobriu um câncer.

“Fiquei doente, me operei e me tratei, e neste intervalo fiz mais especializações nesta área, que era a que pretendia ficar. De 2012 a 2014 fui a Europa por duas vezes, fazendo em Viena um breve curso de paisagismo, e, em Paris, concluindo o curso de Design de Eventos. Em 2015 fiz um curso de flores orientais em Las Vegas, porém em julho uma nova pedra no caminho: me acidentei, ficando invalidada para qualquer trabalho”.

Foi um grave acidente de carro. Aline capotou o veículo quando voltava de um evento em São Borja, sua cidade natal. “Fui removida das ferragens com o lado direito completamente afetado. E parte do lado esquerdo, também. Tive um corte no crânio (1 cirurgia), perfuração de pulmão (2 cirurgias), e pneumotorx, ficando com dreno enquanto permaneci na CTI, fraturei a C2, rompi o plexo braquial mediano e ulnar (2 cirurgias), o qual é um dos principais problemas de dores e falta de movimento que ainda enfrento. Fraturei 8 Costelas do lado direito, o Fêmur do lado esquerdo, o qual teve deslocamento ósseo (4 cirurgias). Fêmur e tíbia direitos esfacelado na região do joelho (7cirugias), região em que também enfrento severa falta de mobilidade, dores extremamente crônicas e muito inchaço, tornozelo direito (2 cirurgias), que enfrento dor e falta de mobilidade, porém faço acompanhamento injetando um visco biológico para manter a mobilidade que ainda resta e amenizar um pouco a severa dor, fazemos de 6 em 6 meses, pois a outra saída é a atrodese, com perda total do movimento do caminhar e sem garantias da eliminação da dor. Tive fissuras na L3 e na L5, que hoje encontrasse já com degeneração em L3, L4 e L5. Minha primeira alta foi início de dezembro de 2015, e em 2016 tive várias internações superiores a 30 dias, pelo imprevisto de contaminação por bactérias hospitalares”.

Dentre as sequelas, a falta de mobilidade no lado direito, que compreende a mão (que já fiz 2 cirurgias de transposições de tendões para aprender novamente a usá-la, desde o simples escrever, cortar alimentos, recortar com tesoura), o joelho e o tornozelo com pouquíssima mobilidade, e todos com dores crônicas severas, controladas com fisioterapia, medicamentos e uma equipe de médicos bem qualificada. Como a vida desta gaúcha é marcada por superações, no começo deste ano uma sobrinha a procurou propondo a ideia de lançar as lingeries bordadas. O trabalho manual foi algo que ela sempre amou fazer, herança da sua mãe, artesã master na área de crochê e bordados à linha. “Fui fazendo contatos, tudo muito lento, devido à minha mobilidade e contratempos de doença, mas nunca parei, sempre indo em busca do desconhecido, é o que me mantém viva, e me faz levantar da cama todos os dias, superando as dores crônicas que administro a base de remédios, e vou levando”.

Quando Aline se viu no meio deste turbilhão que é empreender, o primeiro nome que veio à cabeça para este sonho se tornar realidade foi Astromélia, sua flor preferida e marca registrada em todas as decorações que sempre fez. “E fui mais que me identificando com ela, no sentido da literalidade do nome, ASTRO MÉLIA: eu, uma Amélia, me tornando Astro da minha própria vida”.

Referências no empoderamento feminino: Kiki de Monteparnasse

A produção fotográfica da coleção aconteceu em outubro no luxuoso Hotel Saint Andrews, de Gramado. Foi lá que Aline também buscou referências para a sua grife. “Quando trilhamos desenvolver lingeries neste universo tão vasto de produtos lindos, porém muito voltado ao público masculino, seja pela sensualidade que as peças representam, ou pela erotização em si, nos vimos obrigadas a ir bem fundo em nossos estudos e pesquisas na essência da palavra francesa ‘lingerie’. E encontramos na marca Kiki de Monteparnasse uma afinidade gigante com o quê gostaríamos de produzir, pois ter nas peças uma pegada mais romântica, com muita renda e tule, onde a mulher se amasse ao vesti-la, e ainda ter uma modelagem mais clássica e europeia, com todo glamour de um veludo bem cortado e esculpido aos moldes de um corpo bem brasileiro, deixaria esta mulher que tanto queremos valorizar e resgatar de um cotidiano masculinizado, sentir-se a dona do pedaço (perdoem-nos pelo trocadilho)”, contou ela.

Mergulhanda na vida de Kiki de Monteparnasse, como ficou conhecida Alice Ernestine Prin na década de 20, Aline percebeu um empoderamento gigante desta figura hoje contemplada, pois ela para sustentar-se posou nua aos olhos de pintores hoje consagrados como Picasso, Duchamp, Cocteau e Desnos, foi modelo, cantora de cabarés, atriz, memorista e até mesmo pintora, algo muito à frente de seu tempo, mas que nos serve de um exemplo ímpar da força da mulher para vencer as adversidades que a vida lhe impõe muitas vezes.

E foi deste estágio off-line que a grife se transformou no on-line comercializando lindas peças através do site www.astromelia.shop

Divulgação: Tatiana Feldens
Fotos: divulgação