A artista visual Marcia Rosa inaugura Depois da Chuva, exposição realizada em dois tempos em Porto Alegre: a partir de 5 de julho na Galeria 506 e uma semana depois, 12 de julho, na Habitart.
As exposições reúnem cerca de 35 obras da artista, entre aquarelas, fotografias, pinturas a óleo e pastel seco, que registram plantas, flores e árvores de biomas da região sul do Brasil, muitas delas consideradas ameaçadas de extinção.
Ao conceber uma exposição em dois espaços distintos Marcia Rosa teve como objetivo experimentar recortes da sua produção mais recente: uma centrada em aquarelas de grandes formatos e outra que revela obras em formatos ainda maiores que combinam pastel oleoso e papel japonês. Essa é a primeira vez que a artista apresenta um corpo de obras tão significante em Porto Alegre. Desdobrar a exposição em duas galerias é projeto ambicioso, que almeja chamar a atenção do público para a importância e a relevância de modos alternativos de circulação da arte: um que conjuga produção, como é o caso da Galeria 506, onde se localiza o ateliê coletivo em que a artista trabalha e dissemina seu conhecimento, e outro que se caracteriza por um uso multidimensional do espaço residencial, ao combinar o morar ao escritório de arte, como é o caso da Habitart.
Depois da Chuva faz menção aos fluidos que lavam e fertilizam a terra, representando papel primordial de renovação na natureza, de dias mais abundantes. Chuva como jorro de vida que rompe, desaba, escorre e fecunda. Ciclo misterioso e selvagem, por vezes tempestuoso, assim como o processo criativo. Chuva que empossa e alaga alimentando lençóis freáticos,
reservatórios e rios, depósitos de matéria orgânica acumulada e de vida fluida que se refaz e segue seu curso. Se o período que antecede a chuva é marcado por eletricidade e antecipação, depois da chuva traz alívio e contemplação. A natureza, cíclica, se confirma e se afirma, anunciando o momento propício para o arregaçar de mangas e se colocar a serviço da (re)construção a partir da lembrança, posto que a água também está associada ao arquétipo da
grande mãe: o útero é tanto terra quanto água.
Marcia Rosa se dedica ao registro de plantas, flores e árvores com as quais se depara durante caminhadas frequentes e em pesquisas realizadas em associação a biólogos com os quais mantém um canal constante de interlocução. Por mais antigo que seja o ofício do registro botânico, Marcia Rosa confere à produção um caráter contemporâneo ao combinar mídias que expandem a percepção material das espécies vegetais pintadas, a ponto de confundir o expectador quanto a fisicalidade do que se vê. A curadoria é de Flavia Gimenes.
Sobre a artista
Marcia Rosa vive e trabalha entre Porto Alegre e Gramado, no Rio Grande do Sul. É doutora pela Universidade de Campinas (Unicamp), mestre em artes visuais pela Faculdade Santa Marcelina (FASM) e especialista em práticas curatoriais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Participou de grupos de estudos coordenados por Christine Mello,
Juliana Monachesi, Maria Helena Bernardes e Louise Weiss. Possui obras em acervos do Museu de Arte Brasileira de Brasília (DF) e no Museu de Gravura do Douro Alijó (Portugal).
Serviço:
Abertura: 12 de julho de 2023
Horário: Das 17h às 20h
Visitação: 13 de julho a 19 de agosto (de quarta a sábado, das 14h às 18h, sob agendamento)
Onde: Habitart – R. Coronel Armando Assis, 286 – Três Figueiras. Porto Alegre.
Fonte Marilene Bitencourt
Fotos Divulgação