Por Gisela dos Santos
PASSEIO PRIMAVERA UM PASSEIO E TANTO…
Acompanho com entusiasmo as coisas bacanas que vão surgindo em Floripa e o Passeio Primavera é daqueles lugares que dão orgulho pra quem é daqui.
Tudo começou com o Primavera Garden há cerca de 25 anos. O galpão, que abrigava a primeira grande Garden Center da capital catarinense e talvez do estado, já demonstrava vocação para o passeio. Ia todo mundo pra comprar flor e já tinha um café anexo (era o Delícias Portuguesas). A combinação Flores + Pastel de Belém foi sucesso já na época em que a SC 401 era apenas uma rodovia de acesso, isso muito antes dos inúmeros corporativos e shoppings de design que existem hoje. Juntar compras, entretenimento e gastronomia numa área ao ar livre foi o pulo do gato do lugar. Não demorou para o Primavera Garden ganhar outros restaurantes e uma mega quadra de tênis coberta convertida anos depois num corporativo com foco em tecnologia (Acate). Em seguida, veio a Mercadoteca com um mix de drinks e comidas numa área comum compartilhada. Estamos na era do compartilhamento, e tudo que segue nesta linha tende ao sucesso. E foi. Enquanto a Primavera Garden tinha uma clientela fiel de consumidores de plantas para casa, a Mercadoteca virou ponto de encontro de gente jovem e bonita da ilha. Sucesso de público e negócios. Bingo! Mas se engana quem pensa que os empreendedores já estavam satisfeitos, o melhor ainda estaria por vir. Era o Primavera Office, inaugurado em 2019 junto com o Passeio Primavera, projeto de paisagismo e urbanismo que “costura” todos os serviços e edificações do empreendimento.
Os empreendedores (os mesmos Gomes que idealizaram o Passeio Pedra Branca e trouxeram ares de Flórida para um pedacinho de Palhoça) cercaram-se de alguns dos melhores escritórios de arquitetura e paisagismo nesta fase do projeto.
A concepção do arquitetônico leva assinatura do escritório catarinense ARK7, o paisagismo é do JA8 também daqui. O reforço na equipe veio da Tryptique, comandada por arquitetos franceses radicados em SP.
Com o respaldo dos donos do empreendimento, este time de peso fez a cidade voltar as atenções para o lugar. “Fazer parte da equipe do Primavera é um privilégio. O lugar vem se transformando o tempo todo e nada é para sempre, pois o empreendedor é muito inquieto e não se basta numa solução. Sempre procura melhorar, transformar para mais”, diz a arquiteta Juliana Castro do JA8.
A ARQUITETURA DO PRÉDIO
“É uma estrutura muito simples, mas também muito vigorosa e bem pragmática, que abre espaço para grandes vãos”, resume Giovani Bonetti do Ark7, escritório responsável pelo arquitetônico.
Giovani assina, junto com equipe comandada por ele e pelo arquiteto Marcos Jobim, o corporativo (que também abre espaço para gastronomia e entretenimento, além de uma conceituada escola infantil) que virou o “queridinho” da SC 401.
JARDINS SUSPENSOS ROUBAM A CENA
BIOFILIA MUDA A ESTÉTICA DA FACHADA A CADA ESTAÇÃO
O edifício de linhas bem racionais ganhou o contraponto da vegetação com movimento bem variado. A vegetação varia de acordo com a orientação solar de cada face do prédio e se comporta de uma maneira diferente a cada estação. Nas floreiras aparecem russélias, aspargos, bela emília e gardênia, boldo, entre outras espécies. Trata-se de fachada viva, e este é um dos grandes méritos da vegetação. A tendência biofílica, sem dúvida, veio para ficar. Além de somar muitos pontos na estética do arquitetônico, as plantas resgatam o contato com a natureza na cena urbana e trazem sustentabilidade ao projeto. “A vegetação e a terra das floreiras servem como inércia térmica minimizando o calor”, ressalta Juliana Castro. E no caso do Primavera Office, pesou ainda para introdução da biofilia a origem do lugar.
“O projeto teve como partido, inserir um novo edifício dentro do contexto de um ecossistema já existente com outras edificações. Essas edificações ao longo do tempo foram sofrendo adaptações para acompanhar a transformação do complexo com os novos usos. Desta forma, o novo edifício teria de incorporar inovações sem perder o contexto do lugar. Tanto na relação urbana com o térreo, quanto na estética deste novo objeto arquitetônico. Entrou em pauta ainda a memória afetiva do lugar, que era tradicionalmente a Primavera Garden Center, então, as floreiras remetem a um grande Garden”, completa Giovani.
Arquitetos, paisagistas e toda equipe envolvida comemoram junto com os empreendedores a resposta do público ao investimento. Por ser um local aberto, o Passeio Primavera foi a “válvula de escape” da cidade nos tempos das regras mais severas da pandemia. “O primavera manteve a alegria no período de chatice”, brinca Juliana Castro. E a alegria segue. Em constante dinâmica. Eu pessoalmente, que não curto monotonia, chamo este tipo de projeto de MRUv (movimento retilíneo uniformemente variado).