Nesse encontro, que terá mediação do artista e professor Richard John, serão comentadas as obras que estão em exposição no espaço expositivo
Exposição propõe diálogo poético com o espaço, as imagens e textos Crédito: Fernando Bakos
O V744atelier promove no próximo sábado, dia 24 de agosto, às 17h, mais uma edição do seu projeto Conversa com o Artista, tendo como foco a exposição "Subscrito", de Fernando Bakos. A mediação será do artista, professor e doutor em Artes Visuais, Richard John, autor do texto de apresentação da exposição. Segundo Fernando, será um diálogo entre o texto e as obras, costurando as relações invisíveis entre ambos. “Vamos comentar as obras a partir do texto e o texto a partir das obras”, resume.
Trata-se de um momento ímpar para o público conhecer de forma mais orgânica a produção do artista e refletir sobre as motivações e processos que o conduziram ao atual resultado. O encontro ocorre na Rua Visconde do Rio Branco, 744, em Porto Alegre. A mostra fica até o próximo dia 06 de setembro (mais detalhes no “Serviço”). A entrada é franca.
Em “Subscrito”, Fernando Bakos convida o visitante a travar um diálogo poético com o espaço, com as imagens e com textos, uma vez que nada está dado, tudo está para ser descoberto. A experiência com os trabalhos é construída pelo observador a partir do seu percurso particular e envolve todos os sentidos na interação com as obras. São trabalhos que oferecem múltiplas leituras válidas, como obras abertas.
“Subscrito” descreve uma série de proposições que o artista faz para potencializar o espaço, para “desacomodar” o observador. Oferece jogos com pequenos elementos de percepção, quase invisíveis, que vai na direção contrária destes dias corridos e de saturação de informação. Pede que o observador faça a visita no seu tempo para que, ao final, possa levar para casa algo particular, só seu. A exposição parte do reconhecimento de gestos banais e de objetos “comuns”, industrializados, que são revisitados em novas relações possíveis de estranhamento. O aspecto cotidiano é subvertido quando pequenos espelhos, lanternas, relógios e equipamentos tecnológicos que habitam nosso dia-a-dia são recombinados em situações extra-ordinárias.
O fio condutor é o tempo contínuo, de gestos que se desdobram em ações, desenhos, vídeos, projeções e uma diversidade de meios empregados. Todos retomam memórias pessoais e vivências com estes objetos, impregnados de relações afetivas subjetivas, que revelam subtextos disponíveis a serem apropriados pelas pessoas. Tudo está subscrito porque está oferecido pelo autor, “assinado embaixo”, autorizado a se manifestar no limite do visível.
Segundo Fernando Bakos, o trabalho apresentado no V744atelier é resultado de um longo processo de investigação no campo da arte e da tecnologia, iniciado mesmo antes da investigação do mestrado apresentado em 1997, cujo objeto de pesquisa era a arte digital, a partir das manifestações de corpos auto-compartilhados no início do uso e disseminação da Internet. Nesse projeto, que denominou “Blind Dates – enigmas de imagens digitais”, o artista tensionava conceitos do anagrama “enigmas-imagens” (duas palavras formadas pelas mesmas letras), e também os limites entre o público e o privado nas redes. 25 anos depois, ao defender sua tese de doutorado no Instituto de Artes da UFRGS, apresentou o projeto intitulado “[inFRA]C?O?ES (extra)ORDINA?RIAS - potências do Instante Performance”, em que defende a tese de que existe um estado para além do tempo e do espaço, um território no qual o performer (artista) penetra durante seu processo de produção.
O artista plástico e professor, Richard John, convidado a escrever sobre o trabalho apresentado no V744atelier, busca traduzir a pesquisa de Bakos: “Embora a essência da performance resida em uma ‘ação performativa’, ou seja, algo que ocorre no tempo, podemos elevar esse conceito a um ‘estado de performance’ onde o fluxo temporal perde sua linearidade, sendo ampliado verticalmente e concentrado na atualidade do momento presente e na infinita potencialidade dos acontecimentos”, analisa. “A natureza potencial desse experimento expande a performance ao estado de presença do observador, desafiando-o não apenas em sua sensibilidade momentânea, mas também exigindo a coragem de se posicionar entre a frágil efemeridade do instante e a sublime eternidade do presente. É desse lugar, do ‘aqui estou’, onde também sentimos o sutil ruído da circulação em nossas veias, que podemos de fato ver e interagir com as obras de Fernando Bakos”, conclui.
A pesquisa de Fernando Bakos também caminha na direção do Budismo, assim como suas referências artísticas que remetem ao músico John Cage, à artista japonesa Yoko Ono e a artista de performance Laurie Anderson. Desta filosofia ele utiliza o conceito de MA, um ideograma japonês que apresenta uma porta entreaberta “por onde entra um raio de sol” ou, como ele diz “um espaço entreaberto, um espaço entre os tempos, um vazio a ser preenchido, um território a ser ocupado, potencializado, que está disponível, mas precisa ser acessado”. Um espaço de intersecção, o que está “entre”. Neste sentido, para o artista “todos os trabalhos tem MA, um espaço disponível para o olhar das pessoas”. Basta querer entrar.
Acesse:
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SERVIÇO:
O Quê: “Conversa com o Artista”. Encontro entre Fernando Bakos e Richard John sobre a exposição “Subscrito”.
Quando: Dia 24 de agosto de 2024, 17h.
A exposição está aberta à visita até 06 de setembro de 2024, de quartas a sextas, das 14h às 17h. Outros dias e horários, agendamento pelo DM do @V744atelier.
Onde: V744atelier | Rua Visconde do Rio Branco, 744 | Porto Alegre - RS
Quanto: Entrada franca
Recomendação etária: Livre
Assessoria de Imprensa: Silvia Abreu (MTB 8679-4)