A cada ano que passa, observamos a grande influência que o mercado do luxo exerce sobre inúmeros segmentos do comércio, indústria e serviços. Em 2019, não foi diferente. Quem apostou na inspiração deste segmento certamente pode experimentar resultados melhores.
Mais do que nunca, jogar o olhar do luxo em negócios tradicionais significa transformação e um caminho certo para encontrar a chamada “relevância contemporânea”.
Mas o que vem a ser exatamente a relevância contemporânea aclamada pelas novas gerações de consumo? Basicamente, é o conteúdo e o propósito que sua empresa apresenta através de produtos e serviços para as novas gerações de consumidores.
Valores tradicionais como qualidade, tradição e exclusividade ainda são os pilares que sustentam a indústria, porém, o extravagante, o divertido e o sexy foram agregados a estes valores e caíram no gosto dos consumidores do mundo inteiro.
Marcas como Gucci, Balenciaga e Saint Laurent souberam como nenhuma outra interpretar as demandas da rua e transportá-las para o luxo sem perder o glamour, a desejabilidade, proporcionando os efeitos de extravagância e diversão procurados pelos consumidores.
Em 2019, vimos o varejo se reinventar para fazer frente aos novos tempos. Ao invés de apenas lojas físicas tradicionais, os locais transformaram-se em verdadeiros templos do entretenimento, onde comprar passou ser secundário. Além disso, marcas tradicionalíssimas e relutantes às novas tendências tecnológicas, como Chanel ou Hermès, renderam-se a espetáculos jamais imaginados anteriormente, como os containers pop-up ou vendas virtuais de produtos de alto luxo.
A gigante do luxo LVMH não deixou por menos, estendendo sua influência em diversos setores alternativos que prometem complementar a experiência de seus consumidores. Antes restrita a produtos de couro e acessórios, hoje, moda, hotelaria, joalheria e viagens fazem parte do pacote para atender a uma clientela cada vez mais globalizada e cada vez mais “mobile”. As parcerias de sucesso têm sido comprovadamente uma estratégia vencedora e servem de inspiração para toda a indústria, não somente do luxo.
A necessidade de ter clareza nas propostas também obrigou gigantes do luxo como Armani, por exemplo, a repensar sua oferta, concentrar linhas de produtos e adequar-se às novas categorias de consumidores. Nem por isso a extensão de marca deixou de ser prioridade no grupo com a inauguração de mais hotéis em várias cidades do mundo. Armani tem uma das mais completas ofertas de lifestyle do mundo, e se consagra no conceito de experiência 360 graus. Roupas para adultos, infantil, millenials, acessórios de casa, mobiliário, restaurantes, flores, doces, transporte e hotéis.
É impressionante como empresas centenárias conseguem em pouco tempo se transformar. Observam o comportamento das ruas, criam em suas empresas um senso de urgência e realizam as mudanças necessárias com coragem e audácia, sem perda de tempo. Mudanças sempre existiram e sempre existirão. O desafio dos tempos atuais é a rapidez com que as mudanças chegam e a habilidade das empresas em perceber estas mudanças, reagindo imediatamente.
Mudanças estão relacionadas, não com destruição de patrimônio já construído, mas, sim, de desconstrução e readaptação dos fortes valores e crenças de uma empresa. Recontar a história dentro de um contexto relevante ajuda a agregar pessoas e criar grupos de seguidores e embaixadores.
O mercado do luxo ajudou, também, enormemente a fixação e a longa reconstrução dos conceitos de diversidade através de propostas claras para diversos tipos de pessoas, respeitando e procurando entender as necessidades de cada grupo. Novos termos foram cunhados para denominar os tempos modernos, como, por exemplo, o Me2be, criado pelo Instituto do Luxo de Nova York. As vozes das ruas, definitivamente, influenciando diretamente as decisões das empresas.
Nunca a personalização de produtos esteve tão no centro dos negócios, deixando clara a era do “eu quantificado”. Quanto mais as empresas puderem personalizar a experiência de compra de seus clientes, maior será a aceitação dos produtos por um número cada vez maior de consumidores.
A preocupação das novas gerações com a sustentabilidade e com um consumo consciente que não prejudique as pessoas e o meio ambiente tem criado novas marcas, e exigido das marcas tradicionais providências e reestruturações que realmente contemplem medidas para o bem comum.
Romper barreiras, inovar através da renovação e dar voz aos consumidores têm sido bandeiras levantadas pelo luxo, que continuam promovendo mudanças nas formas de consumir e garantem que empresas centenárias permaneçam no centro e no comando do consumo, cada vez mais democratizado e cada vez mais globalizado. É o luxo para todos. Bom Luxo para vocês e até breve.